O Brasil e o mundo à mercê da saúde do gigante asiático

A China está no auge de sua participação econômica em meio ao hoje globalmente predominante capitalismo. Eis que justo agora de lá brota a infecção respiratória COVID-19, resultante da entrada de uma nova variedade do coronavírus no organismo de animais silvestres e de pessoas, espécie em meio à qual colhe vítimas para além de seu marco zero. O progressivo esplendor mercadológico desta territorialmente também vasta república autodeclarada popular e o jeito nada amigável de a alta cúpula em Pequim controlar o resto da população externo a sua classe privilegiada buscando a dita glória não foram páreo para o nascimento e a dispersão da nova peste.

Seja no noticiário designado para inteirar a imensidão populacional interna e estrangeiros dos acontecimentos nacionais hábeis para mexer com suas rotinas com grande e homogênea intensidade, seja nos jornais interioranos destinados principalmente ao público das províncias em que se localizam, sem qualquer empecilho ao contato cibernético com eles de pontos além desses nichos geográficos, o heroísmo tanto do Estado como de cidadãos domina a narrativa sobre a guerra ao invisível inimigo. As instruções mestras do presidente Xi Jinping e diretrizes complementares das lideranças provinciais ganharam vida prática com o trabalho dos empregados dessas duas esferas de poder e de seus homólogos e dos mandatários municipais dedicados a socorrer os doentes que chegam aos hospitais, buscar un redobramento dos esforços pelos fabricantes e providências logísticas vislumbrando um equilíbrio entre a demanda por utensílios médicos e sua acessibilidade, monitorar o desdobramento do quadro clínico dos pacientes condicionados a uma quarentena domiciliar e lutar contra a disseminação do vírus pelas vias de transporte do país com estruturas instaladas em rodovias para avaliar a saúde dos motoristas e precauções destinadas à saude dos passageiros e funcionários dos segmentos ferroviário e aéreo. Um dos empreendimentos midiáticos, o China Daily, apontou o envolvimento de um grande volume do público em uma batalha que não poupa nem as bastante estipuladas raízes causais do massivo contágio na forma de pedidos ao Judiciário de contundentes sanções ao comércio de animais silvestres para o proveito alimentar humano.

Menor seria para a China e o exterior a demanda pelos arrochos socioeconômicos se os asseclas internos de Xi Jinping tivessem se atentado para as advertências feitas via internet no fim do ano passado pelo médico Li Wenliang. Com mais este "propagador de boatos", posteriormente morto pelo patógeno sobre cuja disseminação ele fora o primeiro a despertar consciência, os dirigentes apostavam que desapareceriam evidências de inoperâncias em suas aspirações por protagonismo político e mercantil global. Foi preciso o vírus originado em Wuhan, capital da província de Hubei, se espalhar pela China e para além de seu território, levando consequentemente governos internacionais (incluindo o nosso) a preparar voos de resgate destinados a seus cidadãos que quisessem deixar a cidade epicentro e inúmeras companhias aéreas pelo globo a interromper rotas para a China e inclusive rumo a suas regiões administrativas especiais (Hong Kong e Macau) e Taiwan para que Pequim se lançasse no combate à nova enfermidade respiratória, já colhendo nele formosos frutos.

O ritmo com que as autoridades da China continental reduzem os casos de contágio e, incentivadas por isso, recuam com os limites emergenciais ao trânsito e à atividade econômica está em consonância com o nível de controle imposto há mais de 70 anos sobre o modo de seu povo ir, vir, pensar e tomar decisões. Do ideário original que o Partido Comunista da China instaurou em 1949, quando ascendeu ao poder liderado por Mao Tse-tung, pouca coisa permanece no plano econômuco face à óbvia incompatibilidade com os variantes e complexos anseios individuais e coletivos hunanos de artifícios para forçar uma disponibilidade igualitária de bens e serviços prometendo um jamais atingido fim absoluto e perpétuo, ainda nesta vida terrena, de todas as humilhações que afligem a humanidade. Até hoje, contudo, a possibilidade de um chinês aderir a uma religião, fundar ou integrar um veículo de imprensa, partido político ou agremiação similar opositores dos mandatários não vinga ante os esforços dos últimos para, monopolizando-se como entendedores do certo e errado, manter a massa coesa rumo ao dito paraíso carnal, desta vez dentro de uma economia de mercado. Câneras de reconhecimento facial nas vias urbanas e um sistema informático fechado à internet estrangeira e ao mesmo tempo servível, com sua vigilância sobre os comportamentos individuais, a um programa de créditos sociais que permite a cada pessoa acesso a produtos e serviços benéficos à qualidade de vida conforme sua fidelidade aos manda-chuvas (em especial Xi Jinping, com seus planos para manter-se na liderança) desempenham hoje o papel de ferramentas homogeneizadoras de consciência.

Pessoas com senso crítico não se encontram distribuídas por aquele país suficientemente para garantir que os negócios nativos viabilizados pelas mudanças das recentes décadas, as colossais companhias estrangeiras ávidas por ganhos nessas terras e os gestores centrais e locais não coloquem o lucro acima da preservação ambiental e da saúde doa trabalhadores chineses e dos consumidores internos e externos. Logo ao nascer, no caso dos habitantes autóctones, ou pisar no solo dessa nação, quando se trata de quem imigra para lá, essa população é brindada com ar, água e solo poluídos, animais silvestres à venda como comida, sem que saiba os antecedentes acerca de sua saúde, e alimentos falsificados, com menos valor nutricional ou inclusive aditivos impróprios para uso na indústria alimentar. Nisso há de constar, a partir de estimativas da média de resiliência imunológica dessa primeira parcela demográfica onde captou vítimas, a explicação das perdas que o novo vírus começou a infligir ainda antes de conquistar o globo.

As preocupações sobre o bem-estar dessa gente devido a sua ingestão e respiração de todo tipo de porcaria ganham corpo fora dos domínios de Xi Jinping com a exportação de arroz, por exemplo. De tão salubre que eram, 6.779 toneladas métricas de arroz doadas pela China em 2017 à Nigéria para alimentar refugiados internos precisaram ser "limpas", induzindo a Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências (NEMA, por suas siglas em inglês) a gastos que a incluíram como alvo de escrutínio parlamentar. Rumores difundidos pela web de que Burkina Faso estaria entre os países destinatários de um certo "arroz plástico" (grãos falsos formados por porções de batata moldadas em material sintético não comestível) puseram em alerta os gestores daquele Estado da África Ocidental.

Dito conjunto de interdependentes realidades embasa muito bem a postura reforçada pelo povo de Hong Kong com relação a seu vizinho. Um grupo de ativistas canadenses em favor desse oásis chinês de justiça e liberdade tem dado sua parcela de subsídio ao debate de novos termos para o contato econômico e político de outros países com Pequim, a intensificar-se em consequência da desordem que o novo coronavírus produz mundo afora, complexa demais para ser abarcada por este artigo.

O movimento Amigos de Hong Kong tomou partido dos preparativos para as eleições legislativas promovidas no Canadá no ano passado estabelecendo entre os critérios para a escolha de candidatos e a vigilância sobre o trabalho dos eleitos pelos votantes a disponibilidade para não deixar que a seriedade das inúmeras variantes de repressão aplicadas a mando dos burocratas pequineses seja ofuscada pela prosperidade que estes e a classe empresarial associada a eles buscam vender a todo e qualquer país da Terra. A depender do nível de influência alcançado pelo grupo, muitos aspirantes terão visto refletida em suas taxas de votos sua propensão a, como sugerido nas perguntas direcionadas aos políticos e formuladas pela dita organizaçào social, impulsionar planos de reeducação dentro dos valores socioculturais canadenses quem para lá emigra da sociedade mais profundamente controlada do globo, posicionar-se claramente contra o desejo pela camarilha de Xi Jinping de abocanhar Hong Kong e o preliminar empenho nisso caracterizado pela brutalidade policial nos protestos e igualar o massacre na Praça da Paz Celestial, realizado pelos comunistas contra o próprio povo, ao de Nanquim, protagonizado pelos militares japoneses enquanto a China estava sob seu domínio como evento a ser massivamente lembrado pelo contingente humano vizinho dos EUA.

Como efeito das restrições ao trânsito e atividades humanas aplicadas internamente e, enquanto lá já sendo aliviadas, nos outros lugares do planeta de onde importa e para os quais exporta, a China também detectará saldos negativos em seu poderio e correrá atrás do prejuízo quando toda a humanidade estiver livre da sétima variedade de coronavírus que a fustiga. Logo que a crise sanitária se esvair e com a máxima possível antecedência para o instante em que a China recobrar a tranquilidade mercantil permissiva a retaliações contra quem tome coragem para desafiá-la, a comunidade internacional terá uma dificilmente renovável oportunidade para instituir uma resistência às tentações de progressiva subordinação econômica e mais tarde político-ideológica resultante da abertura sem critério às ofertas chinesas de mais fartura.

Tal será por enquanto a etapa fértil para os governantes que prezam mais pela transparência e liberdade iniciarem o abafamento da influência de um dos principais inimigos desses princípios através das táticas intelectuais sugeridas pelo movimento cidadão canadense. A partir de trocas de ideias e crítica construtiva entre órgãos públicos e entidades sociais com propósitos culturais ou científicos poderão brotar programas de aperfeiçoamento tanto de itens de infraestrutura de majoritário uso civil quanto de capacidades militares mediante recursos humanos e materiais próprios, amigáveis para com as liberdades individuais e cívicas. Talvez também provenham disso sabedoria e vontade para alianças em prol de investimentos em tecnologias acessíveis aos internautas chineses para que possam pular a grande muralha cibernética a fim de ter uma confirmação do descompasso do que vivenciam em sua realidade com o que o governo os permite saber e o preparo de mobilizações ante os organismos internacionais por punções de caráter humanitário e econômico aos senhores de Pequim face a seu modo de controlar a gigante população e as consequências em parte sentidas mundialmente.

O empresariado global e governos defensores das liberdades econômicas e dos direitos civis estão sendo acometidos, tal como os contingentes populares sob seu domínio, pelo mais forte dos já percebidos efeitos colaterais de começar uma amizade com um velho inimigo comunista só porque ele se abriu economicamente para o mundo. Por essa forma de gerar riquezas os dirigentes da China optaram apenas no intuito de evitar que seu poder sucumba, sem suficiente resistência a sua falta de compromisso com uma destemida participação cidadã capaz de proporcionar um desenvolvimento digno para todos os participantes. Despertar é necessário para que, quando o vírus for página virada, não tornemos a nos engolfar em mazelas análogas ou piores de mesma procedência geográfica.

Referências:










































































































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