Mapa do Reino Unido permanece intacto

Na quinta-feira da semana passada, grande parte da população da Escócia compareceu ao referendo cujo objetivo era saber se os escoceses queriam ou não a independência em relação ao Reino Unido; a maioria dos eleitores optou pelo "não". Após o término da votação, ocorreram na George Square, na cidade de Glasgow, conflitos entre defensores e opositores da independência, que resultaram em violência e vandalismo; policiais tiveram que separar os grupos. Uma subestação de energia pegou fogo; há suspeita de incêndio criminoso. Em virtude do resultado, o primeiro-ministro Alex Salmond anunciou que deixará o cargo em novembro, quando seu sucessor, ainda desconhecido, passará a substituí-lo. O referendo foi proposto pelo Partido Nacional da Escócia, do qual Salmond faz parte; a organização acredita, entre outras coisas, que não há propósito em manter a união e que a Escócia pode enriquecer mais explorando suas imensas reservas de petróleo, o que dispensaria a necessidade de permanência no RU, além de querer amenizar as desigualdades sociais resultantes das políticas britânicas. De acordo com o ex-médico Harry Burns, a rejeição da independência faz com que certas áreas necessitadas sejam deixadas de lado e "coloca os pobres de volta em seu lugar"; um relatório divulgado em julho aponta que cerca de um milhão de escoceses vivem na pobreza ou na miséria. David Cameron, primeiro-ministro da Inglaterra, prometeu mais autonomia em setores como saúde e educação caso o "não" ganhasse e os principais partidos ingleses teriam assinado um acordo relativo a isso, que fracassou; por essa razão, Cameron é acusado de ter enganado os cidadãos escoceses.

Esse momento problemático vivido pela Escócia pode ser resultado tanto da intromissão britânica em seus assuntos governamentais quanto de uma possível falta de habilidade da administração pública do país em planejar e colocar em prática a aplicação correta dos recursos arrecadados por seus habitantes. Se essa última hipótese for a verdadeira, a independência traria prejuízos à sociedade da nação e às outras economias que dela dependem, já que as autoridades inglesas não estariam mais presentes para ajudar a menter o bem-estar socioeconômico e pelo menos evitar que o quadro piorasse; mas, se as contas públicas escocesas andam bem, a separação traria lucros, pois os o governo local tomaria suas próprias decisões, cuja maioria com certeza traria benefícios aos setores afetados. Não importando qual das situações for real, Cameron deveria cumprir sua promessa de dar mais liberdade à Escócia; se não forem praticadas ações para se chegar a un novo acordo que dê certo, a população e os políticos do país terão que exigir isso!

Independentemente do contexto, as badernas e atos violentos não são a forma ideal de se expressar diante dos resultados de eleições, referendos, plebiscitos e outras coisas do gênero; esses comportamentos, em vez de resolverem a situação, só contribuem para piorá-la e sujam a imagem dos movimentos envolvidos, o que diminui a aprovação destes pela sociedade. Se o desfecho do pleito tiver, de alguma forma, ferido a legislação vigente, deve-se protestar civilizadamente e esperar que a Justiça e outros órgãos relacionados tomem as devidas providências.

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