Marginais precoces

Na tarde deste domingo, duas crianças (um menino de cerca de 8 ou 9 anos e outro de 11) e um adolescente de 14 anos invadiram e depredaram o CEINF (Centro de Educação Infantil) Lili Fernandes da Cunha, no Jardim Moema, em Campo Grande, aqui no estado. Os garotos espalharam no chão tintas que eram usados em reformas que estavam sendo feitas no prédio e as utilizaram também para efetuar pichações, chegando até a escrever a palavra "maconha" no piso de uma sala de aula; eles ainda arrombaram armários, reviraram materiais pedagógicos e quebraram vidros, maçanetas de portas e uma televisão. Não havia nenhum vigia de plantão. Moradores das redondezas perceberam a movimentação estranha no local, cercaram os menores, que estavam com alguns materiais escolares, e chamaram a Guarda Municipal, que os apreendeu; eles afirmaram que iriam fazer uma pipa com os objetos retirados do centro educacional. O adolescente vai responder por ato infracional equivalente ao crime de dano ao patrimônio público e as crianças serão acompanhadas pelo Conselho Tutelar; o menino de 11 anos vive com a avó (que foi contatada após o acontecido), uma vez que seu pai está preso por homicídio e a mãe, por tráfico de drogas. A creche voltará a funcionar nesta quinta-feira em razão da rigorosa limpeza feita para eliminar as pichações e manchas de tinta. A Prefeitura de Campo Grande analisa a possibilidade de instalar câmeras de segurança e alarmes nas escolas e CEINFs.

Não é mais novidade quando adolescentes são pegos infringindo as leis. Porém, neste caso, o jovem de 14 anos não estava sozinho; duas crianças destroçaram a creche junto com ele. E, como resultado, alunos ficaram sem aula e os pais ou responsáveis, com sua rotina prejudicada por esse motivo e, mesmo após a limpeza, vai demorar um certo tempo para o CEINF voltar a ter as condições estruturais necessárias para um bom atendimento aos pequenos. Além de ser responsabilizado pelos estragos, o adolescente deveria ser punido por ter levado os outros garotos para participarem das depredações; eles podem ter sido, de alguma maneira, pressionados a ajudarem-no a virar o edifício de pernas pro ar, pois, normalmente, crianças não têm malícia suficiente para fazerem essas coisas, a menos que fiquem nas ruas e com más companhias o dia todo em razão da negligência de seus familiares. Esses dois meninos e suas famílias necessitam de auxílio por parte do Conselho Tutelar e demais organizações para mudar o destino deles enquanto é tempo.

O vandalismo gera consequências negativas para os cofres públicos e para toda a coletividade (até quem não se utiliza dos serviços do espaço afetado) por acarretar em desperdício dos recursos utilizados na construção e manutenção do mesmo. A repressão a esse crime se faz mediante investimentos por parte da administração pública em instalação de equipamentos de segurança em prédios públicos e qualificação e contratação de vigilantes que tenham habilidade para manusear os aparelhos e disposição para trabalhar nos momentos em que os locais estiverem desocupados. O povo também tem que atuar como vigia, acionando a polícia ou a Guarda Municipal em caso de movimentações anormais nessas áreas; a reação das pessoas que residem nas proximidades da creche foi fundamental para evitar que a destruição tomasse proporções maiores.

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