Os rios não estão para barcos!

Ultimamente, foram registrados quatro acidentes com barcos em rios daqui do estado. Na quarta feira da semana passada, ventos de mais de 90 km/h destruíram imóveis em Porto Murtinho e afundaram no rio Paraguai o barco-hotel paraguaio Sueño del Pantanal, no qual havia mais de 20 pessoas, das quais onze morreram, três estão desaparecidas e algumas conseguiram escapar com vida; está sendo realizada uma operação para tentar retirar do fundo do rio a embarcação, na qual acredita-se que possam estar os corpos, nas até agora não houve sucesso; a tripulação do veículo teria ignorado um alerta feito pela Marinha a respeito do mau tempo e, apesar da presença de coletes salva-vidas, ninguém estava utilizando-os. No dia anterior, um barco da Armada (Marinha) da Bolívia que rebocava um carregamento de combustível naufragou no mesmo rio em Corumbá, matando a jornalista Lilian Ortega e o cadete Jesús Rubén Churata, ambos bolivianos. Neste sábado, um barco onde estava um casal virou no lago da Usina Hidrelétrica Sérgio Mota; a mulher se salvou por ter usado colete salva-vidas e se agarrar em galhos de árvore, mas o homem, que não teve tempo de colocar o acessório, continua desaparecido. No mesmo dia, Florentino Marinho do Nascimento Filho, de 62 anos, e Wemerson Rodrigues, de 16, faleceram depois que a embarcação onde estavam e tinha sido alugada pelo idoso afundou em um trecho do rio Miranda entre Anastácio e Bonito; os dois desapareceram ao sair para pescar e os corpos foram achados nesta segunda-feira.

O naufrágio em Porto Murtinho foi resultado de imprudências cometidas tanto pelos tripulantes quanto pelos passageiros; em vez de levar a sério as advertências da Marinha e procurar seguir outro caminho, os responsáveis pelo funcionamento do barco provavelmente preferiram continuar seguindo a mesma rota para economizar tempo, combustível e dinheiro e acabou dando no que deu; e os turistas, talvez por falta de conhecimento sobre o uso dos equipamentos de segurança, não o fizeram, impedindo que grande parte deles se salvasse. No caso do afndamento da embarcação militar boliviana em Corumbá, pode ter ocorrido algum erro no transporte da carga, cujo peso talvez era superior ao que o rebocador podia suportar. As outras duas tragédias podem ter se consumado em razão de uma possível falta de conhecimento sobre os cursos d'água onde as vítimas navegavam e a respeito do comando dos veículos por parte delas em virtude de com certeza utilizarem as águas com pouca frequência e apenas para lazer.

Vem chegando o verão, o que faz aumentar o fluxo de embarcações e banhistas em rios, lagoas, açudes, represas, piscinas de clubes e no mar. Então, nessas áreas, as fiscalizações e campanhas de conscientização destinadas aos frequentadores precisam ser intensificadas para que a diversão ou o trabalho não acabem da pior forma possível; eles precisam estar bem informados sobre as condutas a serem adotadas para ajudar a abaixar o risco de acidentes e agir da forma certa caso algum aconteça, além de ter acesso mais fácil a kits de primeiros socorros, equipamentos de proteção e outras coisas que garantam a realização dos procedimentos de maneira adequada. No caso de embarcações destinadas a turismo e outras finalidades especiais, é importante a elaboração de normas mais duras para disciplinar seu uso; mas tem que haver fiscalização para que as regulamentações não fiquem só de enfeite! Nas regiões de fronteira entre estados e países percorridas por cursos d'água, os governos devem praticar estas ações em conjunto. As quatro tragédias que se abateram sobre o estado são frutos da omissão de vários desses cuidados por terem dado origem aos prováveis fatores que as causaram.

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