Lixo hospitalar é tratado de forma incorreta

Na quarta-feira da semana passada, trabalhadores da cooperativa de reciclagem Cooproeste, em Londrina, no Paraná, encontraram, em meio aos tradicionais resíduos com os quais lidam diariamente, restos de órgãos humanos provenientes da clínica Clinilab-Clinimagem; alguns passaram mal por causa do contato com os resíduos médicos. A clínica, que foi multada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), acusa as empresas terceirizadas responsáveis pela coleta de lixo de não terem tomado os devidos procedimentos. Grande parte dos materiais recicláveis foi contaminada pelo lixo hospitalar, resultando em prejuízos aos funcionários da cooperativa. Em Bandeirantes, no mesmo estado, a Polícia Ambiental flagrou o funcionamento de um lixão irregular. O acesso de pessoas, veículos e animais é livre. Além de pneus, latas, vidros e plásticos, também havia resíduos oriundos do Departamento Municipal de Saúde. Os materiais são separados por catadores que não utilizam equipamentos de segurança e o que não pode ser aproveitado é queimado.

A clínica pode ter parcela de culpa pelo que houve na cooperativa de reciclagem caso não tenha colocado, além de suas informações, alertas nas embalagens onde estavam os restos de órgãos e reforçado os sistemas de proteção destas para evitar que fosssem facilmente abertas por qualquer pessoa. Também é preciso descobrir qual foi a enmpresa pelo transporte dos dejetos e puní-la por falta de organização no serviço, que teria contribuído para que estes tivessem o destino errado. E os valores das multas aplicadas aos culpados têm que ser usados para compensar o prejuízo que os recicladores tiveram com a perda de grande quantidade dos materiais que renderiam lucros a eles.

Em Bandeirantes o lixo hospitalar também recebe o mesmo destino que o comum. Mas, talvez, esse flagrante feito pela Polícia Ambiental não foi a primeira vez que a Prefeitura vem fazendo isso, ainda mais em um depósito de resíduos que não obedece às normas vigentes e é frequentado por pessoas que, assim como os catadores de Londrina, conseguem o sustento de seus familiares através dos objetos descartados, mas não dispõem de equipamentos de proteção que reduzam o contato deles com substâncias químicas e micro-organismos nocivos. Deve-se obrigar a administração municipal a providenciar melhorias na estrutura do terreno para que ele fique de acordo com as regras sanitárias e ambientais; enquanto os serviços estiverem sendo feitos ou se isso não ocorrer, esses trabalhadores precisam ser retirados da área e auxiliados por programas de assistência social ou que ajudem na procura por melhores empregos e o governo tem que ser penalizado com elevadas multas, suspensão de repasse de verbas estaduais e federais e afastamento de gestores se as obras não forem iniciadas e concluídas no tempo estipulado e obrigado a cobrir despesas médicas de catadores que tiverem sofrido danos à saúde.

O lixo hospitalar é um dos mais perigosos por conter bactérias, vírus e substâncias prejudiciais ao ser humano e ao meio ambiente. Se forem descartados de forma imprudente, esses materiais podem ser encontrados e manuseados por pessoas que têm pouco conhecimento sobre seus riscos e podem contaminar-se; os dejetos tambem poluem o solo e as águas, o que afeta todos os seres vivos, incluindo o homem, tanto pelo uso do solo e da água infectados quanto pelos desequilíbrios ambientais resultantes da contaminação. Os movimentos ligados ao meio ambiente e o poder público têm que convocar os responsáveis por estabelecimentos de saúde (estatais e privados) e pela destinação dos dejetos para reuniões a fim de informar os participantes quanto a novidades nessa área para que eles melhorem suas ações; também é necessário fiscalizar as unidades de saúde e os depósitos ou incineradores de lixo para garantir a manipulação correta dos moteriais.

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