Laudo autoriza ocupação de antiga estrutura

A Prefeitura de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, pretende ocupar, para a instalação de repartições vinculadas a ela, dois edifícios abandonados: um na avenida Rio Branco e outro na rua Vale Machado. Um laudo da Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC), órgão estadual, aponta que o primeiro edifício, cuja construção iniciou-se nos anos 60 e foi paralizada em 1970, pode ser reaproveitado, apesar do mau estado das escadarias, do fosso de elevadores e de algumas lajes, vigas e pilares, que podem ser recuperados, enquanto o segundo apresenta mais problemas, o que torna recomendável a demolição devido aos custos que seriam gerados pelos reparos. Apoiados por uma lei que permite a tomada de propriedades privadas em desuso caso os proprietários concordarem, os gestores municipais poderão reivindicar a posse da edificação da Rio Branco se os responsáveis por ela forem favoráveis ou não se manifestarem até o próximo mês, quando vencerá o prazo. A estrutura já havia passado por várias outras vistorias e seus donos, condenados a demolí-la nos anos 90, mas ela continua lá.

Essa possibilidade de a Prefeitura ocupar esse prédio não está sendo bem vista por grande parte da população santa-mariense, que coloca em dúvida a segurança do imóvel através de críticas nas redes sociais. Foram lembradas irregularidades graves, como inundação no subsolo e ferrugem nas estruturas metálicas, que haviam sido encontradas em outras vistorias e poderiam estar afetando a estabilidade da estrutura. É possível que, após essa conclusão, os donos tenham tomado medidas para solucionar esses problemas, principalmente o de acúmulo de água, de mais fácil solução. Se a umidade ainda estiver lá e tiver sido ignorada pelos representantes da CIENTEC que fizeram a última avaliação, essa instituição, que com certeza desempenha relevante papel nas áreas de pesquisa científica e tecnológica no Rio Grande do Sul e fora dele, perderá o grau de confiabilidade de seus serviços no país se esse edifício vir ao chão. Além das perdas materiais e de vidas humanas, estas irrecuperáveis, as economias gaúcha e nacional perderão grandes incentivos a seu progreso por causa doa queda das ações da organização em virtude de seu comprometimento moral.

Se conseguir a posse do prédio, a Prefeitura de Santa Maria terá de solicitar fiscalizações por parte de outros órgãos especializados, como a Defesa Civil e o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para avaliar se os resultados obtidos por eles coincidem com as conclusões do CIENTEC. Depois, será preciso avaliar as contas públicas municipais para descobrir se há recursos suficientes para garantir a promoção dos reparos por profissionais habilitados que utilizem materiais e ferramentas adequados, além de providenciar fiscalizações no canteiro de obras. Se nada disso for possível, a única solução é dar ao enorme esqueleto de concreto e ferros o mesmo destino previsto para o da rua Vale Machado e utilizar somente os terrenos para os fins desejados. A cidade, que já viveu o pesadelo da Boate Kiss, enfrentado até hoje por sobreviventes e familiares e amigos destes e dos mortos, precisa preocupar-se em garantir a seegurança dos frequentadores e funcionários de espaços goveernamentais e particularees e evitar desperdícios de valores oriundos da contribuição popular, com trabalhos feitos sem os cuidados necessários.

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