Viagens de ônibus terminam antes do destino para 17 pessoas

Em menos de uma semana o sul do país foi abalado por duas tragédias envolvendo ônibus. Na madrugada deste domingo um coletivo da empresa Reunidas vindo da Argentina e transportando pessoas que havia pego em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e iriam a Florianópolis, em Santa Catarina, despencou em uma ribanceira na BR-282, perto da cidade de Alfredo Wagner, na região metropolitana da capital catarinense, resultando na morte de nove pessoas e deixando vários feridos. Anteriormente, oito pessoas morreram e muitas se feriram no tombamento de um ônibus da empresa Unesul na rodovia ERS-030, em Glorinha, na Grande Porto Alegre, ocorrido na tarde do último dia 6. Todos haviam saído da capital gaúcha com destino a Tramandaí, no litoral do estado. Nos dois casos os veículos estariam a mais de 100 km/h e poucos eram os ocupantes que usavam cinto de segurança. Más condições das estradas também podem ter contribuído para os eventos. No ônibus envolvido no acidente de Glorinha, do tipo "pinga-pinga" (como são chamados os que fazem diversas paradas durante a viagem), havia mais gente em pé que o permitido a esse gênero dd transporte. A Reunidas não tinha permissão para trafegar com a linha de ônibus envolvida no desastre pela BR-282 e teria sido autuada mais de mil vezes por infrações de trânsito nos últimos cinco anos. A Região Sul conta com cerca de 700 rotas de transporte coletivo e 40 fiscais da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Após a ocorrência catarinense, a entiicdade pretende colocar em prática um projeto em desenvolvimento desde outubro do ano passado, o Núcleo de Prevenção e Redução de Acidentes, cujo trabalho consistirá na coleta de informações junto aos órgãos fiscalizadores de tráego e adaptar as ações da Polícia Rodoviária Federal aos protocolos da agência.

A falta de atenção adequada por parte dos administradores públicos com relação aos ,uidados indispensáveis para garantir segurança, eficiência e conforto nos trajetos de ônibus deu margem a negligências por parte das empresas responsáveis pelos dois ônibus, seus motoristas e passageiros, pondo fim às esperanças e planos destes dois últimos e de seus parentes e amigos para um ano próspero, com boas realizações. Ao que parece havia pouca ou, talvez, nenhuma fiscalização por policiais rodoviários, agentes da ANTT e outros profissionais do gênero nos trechos percorridos. Com tudo liberado, os condutores faziam de conta que pilotavam veículos de corrida ou aviões sem levar em conta o perigo a que estavam expondo os demais motoristas e os próprios passageiros, dos quais a maioria estava desprotegia, nos bancos ou em pé, amparados por legislações muito boazinhas que facilitam esses comportamentos. E, como é esperado, o desfecho, do qual a probabilidade foi aumentada, teria de fato reduzidas chances de ser diferente!

Parece que agora, com a gravidade do que ocorreu em Santa Catarina, a ANTT dará algum passo para tentar reduzir esse clima de guerra nas estradas. Se tiver obtido resultados satisfatórios durante o tempo em que foi estudado, o projeto vai oferecer melhor preparo aos policiais rodoviários, que passarão a atuar de acordo com os métodos de trabalho da ANTT, com certeza suficientes para ajudá-los no trabalho de garantir maior obediência às leis pelos cidadãos sobre rodas, levando a um certo alívio às dificuldades propiciadas pelo baixo efetivo de fiscais da ANTT no estado, embora este também necessite de ajustes em todos os estados sulistas e nas outras regiões brasileiras, as quais também precisarão receber a nova iniciativa caso ela apresentar eficácia. Outra medida importante é o endurecimento das normas em relação ao uso dos cintos, que precisa ser obrigatório como nos aviões, e a existência de passageiros em pé, digna de ser abolida. O descaso em relação a essas regras aumenta o risco nos trajetos de ônibus em relação aos percursos aéreos e até os de carro, pois a forma como os passageiros são dispostos nos coletivos (uma fileira de cada lado) e a presença de bagagens de todos os pesos e tamanhos pode fazer um enorme estrago em caso de acidentes, como tombamentos e capotamentos, onde se agrava mais ainda.

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