Descuido em hospital prolonga sofrimento de paciente e familiares

No dia 6 do mês passado a funcionária pública Valdete Luiz Cavalcanti de Melo, de 63 taanos, foi eletrocutada enquanto tomava banho no banheiro do Hospital dos Servidores do Estado, no bairro Espinheiro, zona norte de Recife, em Pernambuco, e teve de ser levada a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo familiares, ela recebeu o choque ao apoiar-se no suporte metálico do chuveiro, cuja fiação estava exposta. Através de uma nota, a administração do hospital informou que o chuveiro estava interditado e a paciente o havia conectado à tomada. Os parentes, no entanto, dizem que o aparelho já estava ligado à rede elétrica e que a tomada fica em uma posição que não permite o alcance de pessoas não habilitadas para fazer manutenções. Valdete é natural de Feira Nova, no Agreste pernambucano, e tinha sido encaminhada à capital devido a uma suspeita, posteriormente descartada, de acidente vascular cerebral, em função de dificuldades na fala e alimentação, e estava até apresentando melhoras.

Contrariando as expectativas que Valdete e seus acompanhantes começavam a manifestar com os progressos no quadro clínico da paciente após terem de deixar trabalho, casa e demaistqeq parentes no interior, o caminho para a superação desse infortúnio inesperadamente torna-se mais longo graças ao pouco empenho do hospital em ajudar no alcance do resultado inverso. Os responsáveis pelo gerenciamento da instituição negam sua responsabilidade pelo acidente ao transferí-la à vítima e seus familiares e ainda afirmarem ter tomado providências para evitar o uso do chuveiro, o que não estaria correspondendo à realidade, da qual podem estar mais próximos os relatos dos envolvidos na ocorrência, que dificilmente criariam histórias contrárias ao que realmente aconteceu para conquistar vantagens indevidas através da Justiça, uma vez que seus problemas já estão além dos limites toleráveis. E mesmo que a ligação do dispositivo, iniciadora de toda essa confusão, tenha sido efetuada propriamente pela servidora pública ou essas pessoas que iriam ajudá-la no banho, a unidade de saúde não pode ser inocentada, cuja contribuição para esses acontecimentos foi maior. A mulher e seus parentes cometeram o erro simplesmente pela falta de obstáculos que impedissem o uso do banheiro (colocação, na porta, de algum letreiro que fizesse alertas a respeito do perigo e o lacramento da mesma com cadeado enquanto não eram tomadas as devidas providências), apesar de os administradores do estabelecimento com certeza terem tomado conhecimento das deficiências estruturais que o tornavam impróprio a uma utilização segura, e de orientações por parte dos funcionários, negligências que da mesma forma estariam expondo os demais pacientes a essas condições geradoras do perigo. Depois desse escândalo, é possível que eles tenham começado a fazer tudo do jeito certo após perceberem com a prática ao que a desatenção a essas medidas pode levar.

O ocorrido já completou um mês e, portanto, o estado de saúde de Valdete já teria se estabilizado (talvez ela até já tenha deixado a UTI, pelo menos) e, portanto, o risco de morte pode estar afastado. Um alívio, só que parcial, para a família. Para esta o fim da tormenta possivelmente dependerá de muita luta, que vai necessitar de mudanças temporárias ou definitivas no dia-a-dia diante da probabilidade de sequelas decorrentes do choque e da situação em que já se encontrava a saúde da mulher. Como o Estado não repassou ou utilizou — em decorrência do provável oferecimento do direito ao exercício dessa última atividade, assim como as demais referentes à administração do hospital, a indivíduos carentes de conhecimentos necessários ao bom desempenho no ofício — adequadamente recursos para a manutenção do chuveiro, seria mais interessante e compensador se a prestação de auxílios, especialmente em dinheiro (indenização ou aposentadoria por invalidez), tiver que partir obrigatoriamente deste a fim de fornecer meios necessários à cobertura das necessidades pelas quais as pessoas que convivem com a vítima podem estar passando, tanto em relação às despesas médicas quanto ao controle das dificuldades financeiras vividas por todos por causa das adaptações em suas rotinas (como as limitações na disponibilidade dos mesmos em seus ambientes de trabalho), importantes para um melhor acompanhamento familiar desse caso. Para distanciar-se de problemas dessa natureza, o novo governo pernambucano (que talvez teria pago pelos erros dos que o antecederam, assim como no caso das duas rebeliões registradas em presídios no último mês), tem que aproveitar as oportunidades de "organização da casa" fornecidas pelo período de início de mandato para promover, no Hospital dos Servidores e seus outros órgãos (demais estabelecimentos de saúde e os responsáveis pelos demais serviços, uma avaliação da estrutura destes e da competência das mãos que os guiam, submeter esses funcionários a procedimentos de reforço em seus níveis de qualificação e, enfim, manter e sustentar unicamente quem faz por merecer. A máquina pública precisa ter alma e valorizar, em todos os sentidos, quem a utiliza, mantém com o dinheiro recolhido por meio da cobrança de impostos, trabalha diretamente em sua operação ou faz isso tudo recompensando-lhes pela importância de suas contribuições no funcionamento do sistema com o intuito de fazê-lo cumprir seu objetivo.

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