Petroleira pirata

Nenhuma tragédia se realiza apenas com a contribuição do azar, o que a realidade sempre revela através das descobertas de imprudências cometidas pelos possíveis culpados nos poucos dias ou mesmo horas passados após o fato, ainda não tendo sido iniciadas oficialmente as investigações. A mais fresca prova do cumprimento dessa afirmação foi a demonstração por parte das autoridades do conhecimento que tinham referente às incorretas condutas em que se apoiava a empresa BW Offshoe, sediada na Noruega, para instalar seus equipamentos e praticar a extração de gás natural no litoral do Espírito Santo, onde houve a explosão em um de seus navios, apesar de não os terem aproveitado as informações em procedimentos para dar fim a essa farra.

Durante a maior parte de seu período de atuação que antecedeu o fatal acontecimento (desde 2009), a BW conseguiu fazer fortuna por aqui sem a interferência das autoridades federais e estaduais, cujo trabalho não teve intensidade e, assim, não gerou efeitos capazes de ajustar suas atividades às nossas normas de preservação da natureza e das condições de saúde e segurança dos operadores do navio Cidade de São Mateus, fato reforçado pela entrega a esses órgãos, por parte da Petrobras, a quem a entidade privada prestava serviços, de documentos com dados incompletos, não informando a participação da mesma em seus trabalhos. E essas atutudes compensaram para os infratores, pois o valor (não apenas o financeiro) determinado para ser pago por estes em razão das consequências surgidas com o tratamento oferecido aos empregados, correspondente apenas a seus papéis na geração de riqueza aos patrões e aliados, terá muito pequena significação no amparo aos sobreviventes e suas famílias, assim como às dos mortos, do qual terão necessidade os afetados para aliviar os abalos causados em suas vidas pelos novos planos que as mesmas foram obrigadas a seguir depois da ocorrência. A companhia estrangeira perderá somente pouco mais de R$ 5 mil de seu patrimônio, com uma multa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito SantoSanto, no qual não tinha registro, se não conseguir apoio de certos membros da Justiça para a sentença perder o efeito, sendo, porém, mantida por completo sua vaga nos mares, tendo como condição o conserto das irregularidades apontadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar disso, nem todas as lições deixadas pelo acidente se perderão, bastando que essas organizações fiscalizadoras mantenham continuadamente e de forma bastante visível à Petrobras, à firma norueguesa e outras do ramo de extração e refino do petróleo sua presença ativa na área com a finalidade de incorporar à mente de seus administradores o devido entendimento da importância de se valorizar os trabalhadores, maiores responsáveis pelo funcionamento de todo o processo, e da natureza, graças à qual o mesmo é possível, por meio dos cuidados destinados a afastar os riscos proporcionados a ambos.

Muitas vezes as quantias que conquistamos por meio da luta diária por nosso sustento e por um bom equilíbrio no funcionamento da sociedade e com as quais contribuímos para ajudar os governos nas tarefas de responsabilidade destes em sua colaboração para o alcance dessa meta não recebem esse destino de seus receptores em função da transferência parcial ou total dessas responsabilidades a empresas e outras organizações privadas em acordos com com ôrgãos públicos (tanto assumindo vagas em áreas de atuação das grandes empresas estatais, como a Petrobras, participando de obras ou no atendimento às necessidades das estruturas utilizadas para a prestação de atividades ligadas à saúde, educação, segurança, assistência social, esclarecimento de dúvidas da população em diversos assuntos, dentre outros setores). Essa prática, a terceirização, pode ter resultados opostos dependendo dos métodos, igualmente contrários, com os quais é conduzida, fator que pode fazer com que ela diminua a intensidade da retirada de recursos do orçamento governamental, elevando o valor disponível para ser aplicado de forma a atender as exigências para um bom andamento das funções desenvolvidas em serviços diferentes dos que passaram pelo processo ou sirva a certos membros do Estado como meio para desviar-se dos desafios presentes em seus cargos e que teriam por recompensa os enormes salários para ganhá-la como se viesse do nada, quando parte de seus deveres ou todos são assumidos pela iniciativa privada e deixados às vontades da mesma, sem vigilância dos contratantes, o que deixa caminho livre para inadequações no desempenho dos ofícios devido à falta de preparo dos contratados. Os bons aspectos, conseguudos por meio do correto controle da saúde financeira pelos ocupantes do poder com o intuito de dar-lhes a máxima capacidade para cumprir seus deveres, da obediência às regras que dizem respeito ao processo de contratação de empresas terceirizadas, não havendo alternativas a isso, e a inspeções para monitorar e, quando preciso, corrigir as condutas dos vencedores nas atividades que lhes forem deixadas, além de constantes trabalhos partidos do Poder Judiciário a fim de trazer a certeza do oferecimento da maior atenção possível às medidas anteriores e o merecido tratamento a quem não der importância a elas, sinalizam boas intenções das empresas envolvidas nessa modalidade de serviço no que se relaciona ao bem-estar social através da cooperação com o setor público, garantindo-lhes maior prestígio no mercado. Os resultados negativos não afetam a credibilidade dos prestadores de serviços, fazendo o mesmo com a dos governos diante do povo em virtudevirtude do desprezo dor parte do primeiro do compromisso firmado com o segundo nas urnas, expresso pela pouca competência no cumprimento de sua missão por conta própria e pelo repasse dessa tarefa a organizações particulares com semelhantes condições para isso, o que não retira a responsabilidade dos administradores estatais e, desse modo, agrega valor às acusações dirigidas a estes por populares desinformados sobre a privatização parcial dos ramos de atuação dos governantes ao se deparar com falhas no atendimento.