O que recebemos pra vida inteira foram profundas lições

Foi mais uma comovente despedida, ainda neste ano, para entrar para o lado negativo da história do gênero musical mais popular em boa parte do Brasil no período de hoje. Cristiano Araújo, aos 29 anos, é um dos novatos na lista de cantores sertanejos que partiram eternamente entristecendo admiradores, familiares e colegas de estrada. ainda mais por pertencer à nova safra do estilo, a "universitária" (junto aos veteranos Inezita Barroso e José Rico, a primeira voz que terá provocado dor de cabeça em bastante gente nos mais de 40 anos acompanhando Milionário), assim como na relação de ícones da música mortos nas mesmas circunstâncias – desastres no percurso de ida ou retorno de shows –, além dos representantes da MPB Jessé (1993) e Gonzaguinha (1991), o também sertanejo João Paulo, parceiro de Daniel (1997), o funkeiro Claudinho, da dupla com Buchecha (2002) e os cômicos Mamonas Assassinas (1996), estes em queda de avião e os quatro anteriores e Cristiano em tragédias rodoviárias. O Brasil todo, até seus muitos habitantes que nunca tiveram contato com o trabalho do músico goiano, foi conclamado a refletir sobre rotineiras condutas expostas em detalhes do acidente e de fatos ocorrências posteriores, com mais ênfase no tempo transcorrido entre a madrugada em que o drama começou e a chegada dos corpos do artista e sua namorada, Allana Moraes, ao Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde ficaram expostos para homenagens de conhecidos e do povo de Goiânia e outros lugares daquele dia 24 até o seguinte.

Uma estrada recém duplicada e reformada, com o asfalto tinindo e a sinalização melhorada. Um carro novo, importado e, portanto, com melhores padrões de segurança. Tais condições por si só não deixam absolutamente nenhuma brecha para os acidentes. Lamentemos a inabilidade de muitos condutores, passageiros en pedestres no aproveitamento destes recursos, pondo a perder suas funcionalidades protetoras.

Foram quase de encontro as primárias constatações das autoridades de que nesse perfil apresentavam-se a Land Rover – carro de fabricação britânica – em uso há apenas dois meses no transporte de Cristiano e o trecho da BR-153 entre as cidades goianas de Morrinhos e Pontalina l por onde seguiam o cantor, o empresário Victor Leonardo e Allana, guiados pelo segurança Ronaldo Miranda, com as descobertas logo no início dos processos investigativos policiais da inegável contribuição das vítimas e de pessoas próximas por meio de suas atitudes antes e no decurso do trajeto para seu já visto fim.

Começando pela forma como preparados estavam os ocupantes do automóvel para nele regressarem do show em Itumbiara resguardados de eventuais perigos, ela é a justificativa dos dois surpreendentes destinos dos quais cada um afetou dois indivíduos. A sorte que tiveram o motorista e o administrador da carreira do artista e faltou para ele e a companheira, ocupando respectivamente os bancos dianteiros e os assentos de trás variou tanto assim com a importância dada pelos envolvidos a um dos principais itens protetores, o cinto de segurança, acessório sem distinção do valor na preservação da integridade do usuário em nenhum lugar de um veículo. Caroneiros, desfaçam-se dessas impressões imaginárias de o equipamento associar-se mais aos motoristas! Já deu de tanta gente que, a exemplo do casal, quebrou a cara e o resto do corpo se deixando levar por aparências de inexistentes perigos nos bancos traseiros em razão de inexistir para-brisas que facilitam o vôo de pessoas para fora em acidentes, função essa repartida com as vidraças laterais e, diante de falhas, compensadas elas pelo poder lesivo dos elementos do espaço interno.

Em oposição às aparentes circunstâncias em que se aguarda o exercício das funcionalidades do cinto e demais aparatos de proteção, este fatal capotamentocapotamento não foi uma "eventualidade", e sim um fato previsto, bem como a quase totalidade das más ocorrências de tráfego terrestre no qual inclui-se, exceto nos casos em que os motoristas cruzam com situações incomuns, que têm a seu respeito poucas informações orientadoras (animais à solta, por exemplo). Donos e funcionários de um lava-jato en Goiânia dividiram com toda a sociedade local e parte da nacional a consternação advinda do súbito, trágico e muito antecipado apagar de duas estrelas com nascente brilho, sentimento a princípio igualável ao comum desconsolo se o motivo não fosse além da simpatia pelo sucesso de Cristiano Araújo. Ocorreu que, no dia antecedente ao infortúnio, um dos fregueses era justo o dito cujo e outras pessoas que o acompanhavam e foram advertidas pelos lavadores quanto a marcas de solda em algumas rodas, passíveis de fragilizá-las. As informações de que o carro era novo e de um conceituado fabricante atestavam modificações estruturais desnecessárias em conjunto a perícias nos destroços e confissões frente à polícia e à mídia local do ex-futebolista Tiago Ferreira, amigo do pessoal, como autor da troca das rodas de fábrica por acessórios esportivos usados e fora das medidas apropriadas ao veículo por razões de estética. Das mais variadas formas, seja na esfera penal ou social, haverá de vir ao referido a condecoração por tornar grego este presente graças à inobservância das peculiaridades no aspecto e uso da Land Rover em relação aos automóveis que antecederam-na como utilizadores das rodas.

Os argumentos defensivos de Tiago mostram isso. Riscos não lhe estavam tão próximos por não ser ele o artista ou algum de seus acompanhantes, com cuja rotina se familiarizou a constância de prazos relativamente curtos a serem cumpridos sob pressões do público, pela idolatria muitas vezes extrema de parte do qual é responsável a mídia, que nos casos do gênero acaba pagando a conta da enorme sede por lucro e em virtude da possível combinação entre as medidas das rodas (aro 22) com as características dos outros veículo, vindo isso, no de Cristiano, mais adequado a peças de aro 20, a resultar na perda de controle após suposto estouro de pneu, propiciado pela alta velocidade, muito comum naquela BR, segundo a polícia, pensável causa de outras tragédias lá passadas nos dias subsequentes.

Confirmado o total colapso das funções vitais do sertanejo em consequência de hemorragia interna abdominal por rompimento do fígado, o caminho andado rumo a seu descanso não chegara à metade ainda. Seus até então últimos registros antes dos ritos mortuários, feitos por espectadores do último show e pela imprensa durante as megaoperações montadas para seu socorro (a transferência em ambulância e helicóptero até o Hospital de Urgências de Goiânia – HUGO) desceram no ranking com a feitura e propagação via WhatsApp e Google de vídeos que expunham o o jovem talento de um ângulo muito menos glamouroso, a preparação do corpo para o velório e o enterro, cuja real seriedade foi jogada em algum canto por funcionários da Clínica Oeste, que até reparos em órgãos registraramregistraram, ferindo profundamente a regra da instituição contra uso de aparelhos eletrônicos durante o serviço. Medidas preventivas estariam sob alcance de Cristiano, sua família biológica e profissional e dos fãs e seriam muito bem vindas caso houvesse como prever o futuro e, então, fosse sabido com antecedência que ao músico fosse reservado, numa ocasião de irreversível capacidade de defesa, um tratamento avesso por completo ao que seu nível público lhe daria de direito, falhando este como blindagem a condutas sensacionalistas agora não exclusivas à mídia, por seus alunos ,– parte dos espectadores – estarem se aperfeiçoando nas aulas práticas na busca por fama sobre as infelicidades alheias.

Nem o sepultamento do casal no cemitério Jardim das Palmeiras – já privilegiado por ser há 17 anos completados na véspera do acidente local de eterno descanso de outro ídolo sertanejo, Leandro, segunda voz de Leonardo – fez morrer o assunto! O jejum de popularidade iniciado quando destituído do "Fantástico" teve temporária suspensão quando Zeca Camargo criticou de forma ordeira, pouco ofensiva – indo contra o modo de expressão de certos apreciadores de rock ou MPB que tiveram atendida naquela época parte dos seus desejos de morte aos gêneros "inferiores" – a grande comoção em torno do acontecimento, não condizente, segundo ele, com a qualidade exigida para o reconhecimento do valor artístico de Cristiano no eixo São Paulo-Rio, inferior mesmo com sua constante ida a programas televisivos lá feitos. Não desmerecendo as boas heranças desses ritmos na música brasileira e mundial, sobre as quais Zeca e outros pensadores têm alguma razão, existe nessas obras algo que as tornem embasamento para "leis" definidoras do erudito como divino e perfeito e do popular como resíduo de esgoto? Dos intelectuais com essa incapacidade de aceitar as mudanças a que se sujeitam com o contínuo surgimento de novas ideias é a paternidade das mentes odiosas contra isso, cabendo ressaltar a semelhança entre o nível cultural destas e de seus "inimigos", de onde vem a irracionalidade na defesa de seus pontos de vista. A nenhum de nós é permitido negar a fraqueza nas melodias e letras – estas pendendo para temas como ostentação, sexo, bebedeira ou discursos rasos sobre o amor – de músicas que bombam hoje na mídia, situação muito desagradável não só por aqui – lembrem-se dos ídolos juvenis estadunidenses e europeus – e corrigível com o empenho do Estado em reforçar a educação moral e manejar as escolas e faculdades num modelo que fortaleça benignamente a criatividade dos alunos com potenciais artísticos, atitude capaz de gerar talentos geniais em qualquer estilo de música que terão capacidade de ocupar na música brasileira com seus estilos – sertanejo universitário, pop, funk, forró"estilizado", pagode, arrocha ou a nova vertente do brega, a "sofrência" – o mesmo lugar de destaque das produções clássicas.

Por estes elementos constituintes do caso é reiterada a impossibilidade de serem infinitas as permissões individuais por conta dos distúrbios a que sujeitam os meios sociais com suas variações de um ara outro. Na essência das vias urbanas e as estradas está sua secidadãos para os deslocamentos de todos os cidadãos com igual direito a um serviço eficiente e seguro, independendo da importância dos compromissos que cada um deseja cumprir através dos percursos, garantida por meio de boa gestão pelos órgãos estatais competentes, atividade cujo modo de exercício necessitaria ser revisto e aprimorado pelos encarregados de policiar a BR-153 para apertar o cerco aos motoristas acometidos por delírios ayrtonsennistas. Todo cuidado é muito nas mídias sociais da internet com a exposição de pessoas em condições degradantes, merecedoras de sanções rígidas através das denúncias dos usuários conscientes e da atenção a todas elas pelos administradores das páginas, uma vez conhecida a magnitude dos males oriundos do interesse de certos indivíduos no ganho de popularidade por quaisquer meios, sem avaliação de seus impactos frente ao próximo. Por último, rivalidades entre grupos políticos, culturais e religiosos pedem igualmente para ser contidas para domar as hostilidades (muitas delas envolvendo até conflitos fatais) que os acompanham historicamente e evitar seu acúmulo até o nível em que detonam em conflitos capazes de progredir em desumanidade sempre que se repetirem. A quem se considera superior aos demais por alguma preferência excepcional, por exemplo, fica o convite para uma viagem imaginária ao passado que induza reflexões em torno da necessidade do detenção desse descontentamento com as diferenças culturais e religiosas de sociedades distintas. O talvez mais legítimo exemplo a ser analisado é o Holocausto Nazista, sobre o qual é falsa a impressão de ter surgido numa semente germinada no cérebro do próprio Hitler, quando ele só aperfeiçoou e tentou concretizar teorias vigentes há séculos na Europa pondo-a acima dos outros lugares em tais itens.

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