O valor que a campanha de desarmamento croata demonstra ter

Menos armas, menos tragédias. É assim demonimado um projeto das autoridades da Croácia que estimula cidadãos possuidores de armas a entregá-las sem punições. Mais do que a diminuição em número dos artefatos bélicos em poder de civis, o alcance da meta também ganha mais credibilidade com o porte dos objetos que não mais contrariarão o natural direito à vida, com intenção de livrar-se das raízes sociais fincadas raízes em subumano passado.

Granadas, projéteis até de canhão, bazuca, rifle, explosivos e carretéis detonantes. Nas instalações militares é que nossa mente e a prática habituam situar estes utensílios. Na Croácia os equipamentos vêm retornando a ser exclusivos a estas propriedades a eles adequadas em virtude de por grande parte das entregas voluntárias de armas responderem pessoas que dispunham do material em casa mesmo não mais tendo vestido uma farda e prestado lealdade incondicional à nação (no caso de quem já o fez). Assim foi na recente edição da campanha entre 15 do último dezembro e exatamente um mês depois {1}{2}{3}{4}, repetindo o ritual em curso desde 2007 {5}, quando começara junto com a nova lei sobre armas do país {6}.

Constando entre as glebas que integravam a antiga Iugoslávia, a Croácia e o povo croata em si eram abrangidos por discordâncias étnicas, uma lenha cuja queima era obra principalmente da Sérvia. Apenas de 20 anos para cá os governantes foram compreendendo, no começo com certeza na marra sob pressão da comunidade internacional, o caráter ilusório devastador do sonho de prender variados povos num espaço inteiriço e ainda suprimindo as particularidades culturais inerentes a cada um. Essa maturidade temporal é a razão da sobrevivência de armas nas casas, muitos desses objetos pertencendo a ex-combatentes.

Ter feito as pazes não garante absolutamente que as divergências só sejam lembradas nos livros e conteúdos virtuais de história. Alinhemos o dilema nos Bálcãs à questão do tratamento a negros e índios brasileiros e veremos o sentido que têm a "Menos armas, menos tragédias" e a lei que, entre outros pontos, estabeleceu a obrigatoriedade a pessoas físicas e jurídicas de buscarem junto à polícia autorizações para a compra de armas e usarem desse consentimento em prazo estabelecido, após o qual a permissão expira.

Os tradicionais setores oponentes das políticas de negação da cor ou "raça" como influentes no caráter e nas habilidades humanas, seus herdeiros diretos e aqueles que abraçam as ideologias sem periciá-las graças à personalidade e pouca educação da escola e da família limitam as perspectivas de vida de muitos negros e índios ao que seria "básico", detendo o avanço rumo a melhorias por todos merecidas e gerando tumultos na disputa pelo espaço cada vez mais ocupado. Legalmente proibidas sem a apresentação de registro que fundamente a posse, o que não intimida o atravessamento ilegal a partir dos países fronteiriços, constituem as armas grande parte do motor das estatísticas apontando mortalidade e marginalidade entre os excluídos, assim como são o mais fácil e pior caminho para onde tem capacidade de se voltar qualquer elemento social psicologicamente instável para lidar com opiniões adversas a suas paixões e susceptíveis a originar nefastas consequências quando manuseadas sem cautela sobretudo por pessoas incapazes, como crianças. Tendo em conta a superioridade bélica de parte dos croatas em relação à maioria dos outros países hoje política e socialmente estáveis, é inteligível a qualificação que o projeto desarmamentista tem de o mais bem sucedido da ONU, sua promotora junto com o Ministério do Interior do país balcânico.

O interesse prático da Croácia em fazer o caranguejo voltar e continuar a seguir para trás desenvolve-se com apoio no imensamente ampliado exemplo do valor que a realidade insere em como os mandatários traçam e aplicam limites à prerrogativa de autodefesa por cada membro da população. Se os fatos repercutissem em boa parte do mundo (incluindo Estados Unidos e Brasil) pelas grandes mídias que suficientemente matariam a fome de grande parcela das massas quanto ao conhecimento do tema, o enredo se preservaria apto para um teste visual nos adeptos e inimigos das armas buscando conduzí-los a um entendimento de onde suas respectivas ideias cabem nos meios sociais?

(Republicação no Dourados News)

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