A divisa entre aparência externa e realidade interna

Supostas inconsistências no funcionamento do Colégio Anchieta, renomada escola de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, encorajaram principalmente meninas no estágio da adolescência no recurso à prerrogativa do apelo democrático aos meios aspersores de ideias cada vez mais modernos. A significação do protesto no instituto educacional e do abaixo-assinado {1} em que também nomes de muitos brasileiros distantes da capital gaúcha marcavam presença, ambos feitos há algumas semanas, varia entre as massas pelo motivo que os originou: o veto partido da direção escolar ao uso de shorts pelas educandas. O enfrentamento ideológico é dividido entre os defensores e refutadores da alegada coincidência entre as vestes e a moralidade das novas brasileiras. O que se passa nos tempos contemporâneos e ilustres fenômenos ocorridos na história do Ocidente em geral apoiam as adversárias visões machista e protetiva da restrição. O mergulho mais fundo nas questões determinará o justo posicionamento a ser adotado.

O corpo governante da escola leva a cabo sua guerra vestuária – termo em que cabe a aplicação da pena máxima para as alunas que não acatam aos ditames, coação para deixar o recinto – tão radicalmente como se vem despindo da sexualidade o véu que a resguardava de ser exposta em igual forte nível a mentes entre si heterogêneas no quanto podem captar o "bom" legado dos estímulos. Impor-se contra as indecentes mudanças valendo-se só da imitação de sua força bruta faz passar ignorado rumo a suas tendências o complexo leque de fatores nos quais intervenções cobririam amplamente as demandas.

As famílias das alunas anchietanas e de outras escolas na mesma linhagem com certeza saem na frente quando se fala nas extrações orçamentárias para a compra de calças, apenas no inverno importantes nos colégios menos exigentes. Tal realidade significa para o primeiro grupamento somado custo graças ao crônico excessivo peso tributário e agora uma fase tempestuosa do mercado brasileiro que soergue preços e afunda postos de trabalho. É praticamente certa vulnerabilidade em razão de os relatos à imprensa informar a abrangência do veto tão somente a "shorts", sem especificações dos tamanhos permitidos e contestados.

E se é "inteiramente" da mulher o cuidado em relação à forma como aparece em público para evitar assédios ou concretos ultrajes sexuais, o que o Anchieta estaria deixando transparecer em suas justificativas conforme as garotas, que impacto se aguarda para o trabalho da instituição quando se esconde ao papel obrigatório no treinamento do corpo dicente para a lida com monstros existentes em seu interior que, porém, exibem melhor suas forças dos portões pra fora? No andante processo de alcance pelas mulheres das facilidades para autossustento cujo monopólio dos homens vemos, logo, ruir elas prosseguem tendo muito a driblar da resistência dos varões saudosos em relação às antigas e exclusivas destinações exclusivas às mesmas para abrigar em seu corpo os descendentes nas iniciais fases de desenvolvimento e manter as necessidades alimentares e higiênicas dos novos seres e do ajudante na concepção.

Por aí se vê o esforço de que o nivelamento dos salários masculinos e femininos nas importantes profissões necessitará para se fazer unânime. Outra situação relacionada à permanência da vagareza nos progressos age de forma superiormente nefasta porque distrai muitos dos olhares atentos tirando-lhes a força crítica em virtude de mexer com seus instintos a serviço da busca por prazer. Este grupamento é reservado à idealização e uso prático na mídia (entretenimento e propaganda) de mulheres que teriam subido na vida apenas despindo e remexendo seus corpos. Pelo tanto de gente que ainda consome das mercadorias que trazem as ideias, não se encontra hoje tão distante do mundo concreto a hipótese de haver dentre apresentadas figuras quem ultrapasse no quanto atraem para os bolsos as damas que foram espertas quando obtaram no ofício escolhido visando sustento próprio, familiar e social, podendo até os homens estarem comendo poeira!

Debates, pesquisas e orientações envolvendo o modo como escolhemos e identificamo-nos com nossas ideologias de vida e elas influem coletivamente acompanham sob boas expectativas, no papel de antecessores, o implante e reforma nos códigos de conduta das escolas. Uma ação reduzida a censura nas vestimentas, como ocorrido às garotas de Porto Alegre – assim é qualificável por ser uma proibição sem base sólida, conscientizadora –, nem faz cócegas nos perigos com que as jovens podem se deparar em muitos cantos da cidade, ainda por cima numa metrópole, em virtude de não conhecerem as direções que dão em preparo contra as adversidades.

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