De olho no que virá com este audacioso projeto

Uma vasta parcela de florestas tropicais pouco antropizadas concentradoras de mais vultosa biodiversidade entre todas no planeta e cujo justo proveito tem inversas dimensões é como a Amazônia se caracteriza. Todos no país e e um menor grupo lá fora sabem das iniciativas governamentais para mudar esta página com a Zona Franca de Manaus. Em paralelo as autoridades buscam avanços mais abrangentes através das Zonas Francas Verdes (ZFVs), previstas para funcionar também em cidades no Acre, Rondônia e mais recentemente em implantação no Amapá, todas firmando o sério compromisso de produzir mercadorias a partir do que há nas regiões.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, confirmando o suporte federal para a concretização do pólo econômico em Macapá (onde esteve no dia 3 {1}) e a vizinha Santana, iniciou um rito para colocar o Amapá na rota de uma evoluçào. Abundante razão há em qualificar assim as mudanças a que se expõe o potencial mercantil do estado em relação à vigente Área de Livre Comércio {2} em vigor naquele e outros territórios amazônicos.

Ter a alcance modernos e diversificados produtos de inúmeras origens com facilidades em sua circulação põe os clientes e empreendedores fixados no campo de abrangência da floresta em sintonia com as vantagens inerentes à cultura "civilizada" que se impôs aos habitantes nativos de que grande parte dos atuais descende. Entretanto, visto que as melhorias tecnológicas tanto englobam os bens de consumo já prontos como a jornada de sua produção (uma coisa puxando a outra), a inclusão deste contingente nos padrões sociais modernos que têm seus benefícios, tal como o lado ruim, ganhará reforços quando o grupo também souber pescar os gordos peixes usando os atualizados meios previsíveis a trabalhar sobre matérias-primas íntimas ao cotidiano deste povo. Frente à localização de um porto nas terras de Santana, pode-se antever os rumos do fluxo dos tão peculiares bens.

Manifesta desde quando projetos assim passam ainda pelas fases de idealização, a utopia em um por vezes desejado isolamento das capacidades do empreendimento (qualquer que seja seu patamar tecnológico) em relação à força econômica e os indicadores sociais (desempenho educacional dos habitantes e quão dignamente lhes atendem os sistemas de saúde, ordem pública e infraestrutura urbana e campestre) das imediações fora observada pelo senador Randolfe Rodrigues {3}. As cobranças suas incluíam o terreno para abrigar as empresas, do mesmo modo que a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus) já tem uma gleba destinada a erguer sua sede regional em Macapá conseguida por intermédio da Prefeitura, em associação a ajustes no peso tributário segundo o administrável para a geração de adicionais lucros pelas estruturas, parte em que cooperará o atrelamento a ela pelo representante federal do Amapá a supervisões no manejo das esperadas receitas públicas acrescidas pelo governo de Macapá.

Este tipo de ação integra o vasto conjunto de peças de mecanismo de abrangência social, econômica e política a cujo emprego em garantir homogêneos progressos à Amazônia o ideal e começar se adequando agora no contexto dos passos iniciais do implante de nova ZFV. A crítica dirigida à SUFRAMA por uma prata da casa, uma superintendente que deu palestra durante encontro na Assembleia Legislativa de Rondônia {4} que ultrapassou as fronteiras de lá quanto à origem de muitos participantes vindos para discutir estas iniciativas mercantis, para o órgão aponta o caminho da igualdade na eficiência do atendimento à área de cobertura, sendo necessária sua interferência junto à instância federal objetivando acabar com o pouco conhecimento que esta tem do antigo convívio entre a BR-319 em Rondônia e os espaços naturais responsável por atravancar melhorias na pista {5} capazes de encaixá-la nos novos tempos. Análogo empenho vale para o aperfeiçoamento, onde for exigido, das rodovias e demais setores com impacto no sucesso dos projetos no Amapá e outros lugares. Estão convocados para mostrar a solidez de sua voz os que prezam pela inclusão de todas as classes sociais amazônicas nos processos da geração de riquezas e no eixo consumidor.

A isenção no uso das aptidões cognitivas, de valor não abalável pela adesão minoritária nesta sociedade, não permite admitir que, como em tantos territórios economicamente viáveis do país, a Amazônia tenha seu valor igual para todos que a utilizam, herança das tradições nativas, ser subvertido por eventual privilégio na nova empreitada a ruralistas ou madeireiros que pendem mais para o mercado externo na venda de suas mercadorias e usam os ricos recursos de forma predatória. Muito zelo requer também, como já dito, a conversão das receitas públicas nas benfeitorias favoráveis à instalação e sobrevivência das alternativas fontes de renda, ainda mais nesta por causa da engorda nas contas estatais que afastará sóbrias justificativas para aumentos tributários. Disso é que os projetos de Zona Franca objetivam livrar as regiões para onde se quer atrair investidores, o que no específico caso de Manaus (podendo ocorrer nos relacionados) tem duração delimitada, em contínua evidência apesar da prorrogação dos estímulos por mais de 50 anos, não se conhecendo a partir daí o que será da cidade. Não seria melhor aliviar as desigualdades regionais unindo a nação, com as variantes culturas de uma parte para outra, através de unificadas e permanentes práticas a fim de reduzir a parcela desnecessariamente inchada dos impostos e as quantias perdidas por más operações?

(Republicação no Artigos.com)

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