Reaparição bombástica de nosso representante

O Planalto estremeceu nesta quinta-feira sob a voz do ex-petista sul-matogrossense Delcídio do Amaral, da qual vestígios foram materializados em documentos que a revista Isto É {1} revelou a público neste exato dia. Relatos de manobras políticas e econômicas que, citando Dilma Rousseff e Lula, baseariam providências para retirar do mais célebre cargo político em uma república a primeira mulher a sentar nesta cadeira por aqui e aproximaram das grades o antecessor, desejante voltar â antiga cena em 2018. Levou ao ponto de uma reunião de emergência entre Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o agora ex-ministro da Justiça e atual titular da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo {2}, o temor do que a arma oposicionista é capaz caso receba a nova peça de incompletamente assentada idoneidade.

São vistas reprises de comemorações por cidadãos e grandes empresas de novos fatos geradores de expectativas sobre a queda dos dois célebres representantes do complexo e antigo esquema infiltrado na administração pública nacional para aspirar recursos de depósito e uso coletivos rumo às reservas de uma interesseira mísera parte. Ações de empresas brasileiras na Bovespa, incluindo a mais famosa assaltada por quem fora designado para cuidá-la, a Petrobras, escalam grandes alturas há tempos não vistas desde o momento em que a reviravolta começou {3}{4}{5}{6}, com os negociantes dando sinais indicativos de retorno a investir em boa força no Brasil devido à crença na tomada de similar rumo pela firmeza no sustento estatal aos parâmetros estabilizadores do terreno, podendo-se listar a maestria no controle do proveito do que pessoas físicas e jurídicas arrecadam como impostos e seu resultante grau de gasto na indução de infraestruturas influentes nas atividades econômicas (a educacional e a logística, por exemplo) a fazerem seus papéis. As ruas das cidades brasileiras, especialmente em torno do prédio onde mora Lula em São Bernardo do Campo (SP) e de onde a PF o retirou nesta sexta-feira, tal como do Aeroporto paulistano de Congonhas, no qual existe uma área onde os agentes interrogaram o acusado, e as mídias sociais, no íntegro território brasileiro, foram o suporte sobre o qual pulou boa soma do povo festejando o suposto começo do fim da máquina gatuna e também se exaltaram os partidários da gestão vigente.

Foi de novo exposta na pequena guerra entre grupos seguidores e oponentes do "Molusco" e do PT a incerta retidão na imagem projetada sobre os dois espectros governistas pelos respectivos apoiadores. Não havendo tenazes argumentos em nenhum, só resta tentar enfraquecer os adversários relembrando verbalmente seus deslizes, igual forma de ele reagir, impossibilitando consensos. Houve episódio em que os ânimos foram mais longe, chegando a agressões físicas e graves ofensas verbais {7}{8}. Modelo com resquícios de inspiração nisso rege as ações do novo réu na Lava Jato e companheiros, de um lado, e, do outro, a oposição, a grande mídia e autoridades engarregadas de puní-lo (as três em parte se conurbando).

De nome originário da uma expressão na língua grega referente à verdade, a Operação Aletheia, a vigésima quarta em que a Lava Jato se ramificou, fez ascender itens materiais e acontecimentos passados com forte vínculo parcial entre Lula e a sucção de energias monetárias na Petrobras por cujo uso criminosamente particularizado o filho traidor do Brasil fora um dos diversos responsáveis ao incluir na "conta" do símbolo econômico nacional investimentos em reformas e mobília chique para seus imóveis {9}. Teve mínimo impacto o sumiço provavelmente intencional de documentações no Instituto Lula antes de ser vasculhado pela PF {10}, considerando-se, porém, o que somariam às investigações. O que deduz mais ainda haver, nos materiais "faxinados", conteúdo relevante à incriminação do ex-trabalhador braçal que envergonhou a massa consciente de seu antigo time após subir à cabine de comando do país é a estreita antecedência dos trabalhos de limpeza em relação à varredura policial (caso tenha havido prévio aviso aos gerentes do edifício), sendo atribuíveis à manobra complicações na busca por verdade na inocência que o interpelado tentou mostrar outra vez discursando à imprensa e cidadãos após os cabíveis esclarecimentos.

Em sua aparência isolada o desmonte da mítica imunidade de Lula a procedimentos investigativos e penais carrega selo de autenticidade perante a maioria dos olhos brasileiros e estrangeiros. Dito contingente demográfico exibe suspeita de influência midiática passiva. A generalização do conhecimento de trabalho produzido por veículo de mídia (a IstoÉ} antes exclusivo a ele, como já sabido, foi o combustível para a efervescente maratona, no pavio do qual haveria elementos dignos de exame. Contrariando várias mentes pensantes, nem o procurador regional da República Carlos Fernando Santos reconheceu a veracidade do que a revista emitiu junto às outras corporações, assim como Delcídio – ou melhor, sua assessoria de imprensa {11} –, Lula {12} e Dilma {13} – em críticas pessoais –, não se prendendo as avaliações, logo, ao incômodo dos "Petralhas" que propagam a ideia de estarem sendo vítimas de "golpe". Misturadas a suspeitas de que não fora autorizado publicar as denúncias embasadas em falas de Delcídio sob igual regularidade – possíveis de nem terem existido –, o que a Polícia Federal terá de realmente lícitos apoios para isso?

Lula é acompanhado por Dilma nas supostas menções pelo parlamentar sul-matogrossense nomeando os bois que arrombaram e saquearam os cofres da Petrobras, ainda tendo eles buscado meios de sabotar os mecanismos punitivos. Por isso a delação informal, jornalística, vem sendo cortejada pelos senhores do Congresso em cujas cabeças a meta de destronar a chefa do Executivo sobreviveu {14} com a transição de ano e os mimos e excessos típicos da época dos quais teriam desfrutado às nossas custas. Lá entre eles prossegue forte influenciador, o deputado Eduardo Cunha {15}, moralmente inutilizado para imputar culpa a quem teria se envolvido na mesma falcatrua de que ele tornou-se novo suspeito {16}, não bastando a estocagem de valores com origem não esclarecida no estrangeiro.

Benevolente desejo do eleitorado e autoridades a postos sem tendências na vigilância da rotina política é que a mofada imagem de Lula como "amigo do povo" até 2018 siga assim, interferindo no acato aos possíveis clamores por atenção nas urnas. Isso não traz, porém, garantias de que a saída para um Brasil justo está nesta oposição que a maioria dos conhecidos insatisfeitos com o governo em vigor interpreta como tal no benigno sentido. A mira para acertar a cabeça da histórica jararaca (aproveitando a única declaração séria do pensador) que assola o setor público conseguiremos abrindo-nos sem medos e comodismos a novos ideais e idealizadores construtivos, vagamente explorados em virtude da majoritária opção pelo continuísmo governista e oposicionista. E requer em adição o abandono, em troca apenas da consciência efetiva do que é bom à sociedade, da curvatura a tudo que a grande mídia exibe com o dogma de "bom". Mas será que adotam essa iniciativa exemplar no dia-a-dia para todo mundo ver e se "chocar", rejeitando de forma plena atrações como o vazio e alienante BBB, os manifestantes que se insurgiram contra equipes da Globo e Band usando a violência, superficial expressão do descontentamento?

(Republicação no Artigonal, Dourados News, TNG Informa e Artigos.com)

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