Comunicadores midiáticos populares têm competência para cargos públicos?

A chefia de Campo Grande está nas mãos de Alcides Bernal (PP), cuja ascensão fora impulsionada com quase unanimidade por seus programas radiofônicos na Cidade FM. Atamaril Amaral "Tatá" Marques, responsável pelo "O Povo na TV" no SBTMS {1}, demonstra interesse em também seguir essa carreira. E, candidatando-se, ficaria bastante vulnerável a ganhar por ter muitos telespectadores, não havendo, entretanto, certezas de que resgatará Campo Grande do fundo de poço em que a gestão vigente e opositores a colocaram.

Por de sua autoria ser parte do traçado das rotas por onde se move a sociedade, a mídia se notabiliza por seu papel de influência no conjunto. Ainda mais ao se destacar os meios de comunicação audiovisual (rádio e TV, seja os propriamente ditos ou os virtuais), que em ângulos mais amplos expõem as notícias aos espectadores e, não se limitando à esfera informativa, aborda questões cotidianas de forma mais solta, criativa, no que consiste o entretenimento, o lazer, as manifestações culturais.

Convergem os programas do naipe de "O Povo na TV", aos montes em emissoras que priorizam nas pautas os estados onde se situam ou porções deles, no oferecimento de voz ao povo, exibindo as negligências do poder público no tocante a saúde, educação, segurança, saneamento e asfalto, por exemplo, nos pontos das cidades afastados das áreas cujo zelo (também não totalmente) é priorizado "para inglês ver". Nas atrações por vezes os apresentadores ou repórteres tornam seus os clamores dos oprimidos.

Pôr-se à frente de câmeras apelando para que os gerentes públicos para que façam direito suas tarefas ("melhor" se de forma mais enérgica, a importar mais que a profundidade com que a fala leva quem está ouvindo a entender os problemas) não requer quase nenhuma erudição, o que fundamenta o sucesso de quem deseja sair do blá blá blá e ter acesso ao controle remoto do sistema objetivando ajustá-lo, no papel de cidadão consciente. Sem falar no caso de Raul Freixes, que, quando comandava "O Povo na TV", dava shows hollywoodianos de revolta contra as injustiças sociais, incluindo as partidas dos governos, tipo de conduta a que se entregara quando prefeito de Aquidauana.

A serventia das capacitações compreende as estratégias para injetar os recursos públicos nas quantidades e lugares corretos e, por vezes com relação a essa sabedoria, não deixar razões para atos das raposas velhas que intencionam ofuscar os novos brilhos e seguir usufruindo de nossas arrecadações com má fé. Mas por quais meios a formação exclusiva em Jornalismo (perfil de Tatá {2}) ao apresentador conferirá forças para salvar Campo Grande da desordem na saúde e na educação e do problema mais gritante da Capital, a buraqueira no asfalto, à semelhança de Lech Walesa na luta pacífica que retirou a Polônia da tirania comunista? O nome do ativista consta neste artigo, apesar de na prática não se vincular à realidade campo-grandense, por constituir incrivelmente a justificativa do jornalista para seu ingresso no partido Solidariedade, por ser o nome em português do movimento fundado por Walesa {3}.

Nem para Bernal está sendo fácil segurar a barra, mesmo, além de radialista, tendo canudo em Direito {4}, uma das fontes de conhecimento para administração pública! Ele que sofrera um comprovado golpe político, a cassação válida entre 2014 e 2015 e movida por vereadores de costas para a vontade cidadã numa suposta justiça revidando a adoção de mesmo posicionamento pelo líder do Executivo municipal, que o conserva.

São as sugestões do público que aproximam Tatá do pleito eleitoral. Tanto é que supostas pesquisas do governo estadual e do IPEMS (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul) o situam no topo do ranking de candidatos prediletos expostas pelo dito cujo em suas mídias. O adjetivo está no devido lugar pelos abalos à idoneidade dos levantamentos, batata quente para "consumo interno" pela gestão Azambuja segundo o instituto, porém com a existência negada pelos administradores do estado, pontos de vista que em comum sinalizam credíveis práticas desviantes na promoção do apresentador.

Julgamentos por falhas neste quesito terão valor apenas ao se comprovar as escorregadas. Os pontos antecedentes, todavia, já condenan Tatá e similares a manter seu empenho social de onde estão, mas colaborando para emitir ideias cidadãs moldadas de forma a serem absorvidas na teoria e no cotidiano por quem ouve e/ou assiste.

(Republicação no Artigonal)

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