Novo Brasil: hora de mostrar em atos para onde vai

Um pouco além de dois dias seguiram-se marcando frenética corrida do Senado alegadamente contra os danos que a corrupção infunde a nossa estrutura socioeconômica. O embate inicial na instituição direcionou-se primeiro a um membro seu, "representante" de nosso estado, Delcídio do Amaral, para ratificar em sequência o "Tchau, querida!" com que a avaliação ininterrupta da governabilidade da presidenta Dilma Rousseff terminara em abril na Câmara dos Deputados após um tempo um pouco maior. A chefia desta Casa tivera seu dia de faxina, seletiva, e o processo do por enquanto afastado líder Eduardo Cunha responsável pela sentença igualmente transitória do Senado teve efêmera nulidade nas mãos do próprio autor, o substituto Waldir Maranhão. Começam a correr os 180 dias oportunos para a regeneração da dinâmica financeira e da virtude política nacionais, nos cabendo a mesma luta contra injustiças previstas para o governo Michel Temer que as mobilizações por muitos de nós em repúdio às ingerências de Dilma, Lula e PT.

Sem o tão massivo foco da mídia audiovisual e a influência dos partidos de que seus membros senadores resolveram ficar, o julgamento que tornou real a provisória destituição da presidenta reduziu a uniformidade entre a população do alcance da ideia de justiça meramente ornamental nos votos de certos parlamentares.

Constava entre os votantes figura muito familiar para a qual o mundo girou até dando uma volta circular, quando deveria ter parado. De antigo presidente da República com posição única na história política brasileira no papel de alvo estreante de impeachment, Fernando Collor 24 anos depois migrou para a confraria decisora do rumo a ser tomado pelo mandato de quem estava exercendo hoje as atribuições mais altas de uma política republicana. As vítimas de amnésia com "desconhecida" causa que, por meio do direito-dever de impulsionar ao governo pretendentes a agir na gestão pública em favor da harmonia comum, deram eticamente irreconhecível segunda chance ao transgressor, desta vez reservando-lhe cadeira no Senado, nada mais foram que retribuídos em sua escolha imprudente pelo mesmo, visto entre os partidários da opção que tornaria ele e Dilma "colegas" até de cadeia se nossa estrutura judicial fosse outra – fruto de semelhante reset encefálico que a diferenciação ideológico-partidária se encarregou de provocar no veterano.

Relembrando que nesta votação os portões das consciências dos senadores ficaram fechados para a intromissão dos partidos. E sua antecessora foi a reunião em que a maioria deixou o correspondente nosso de lá Delcídio do Amaral na necessidade de procurar outra labuta, como mais e mais cidadãos procedem a fim de seguir enfrentando despesas atendendo às inúmeras necessidades de todos os seus semelhantes após irem para a rua enquanto grandes nacos do erário da Petrobrás alimentavam fechado grupo de investidores e adeptos em teoria dos interesses populares, entre eles o agora ex-senador que ainda tentava lavar vestígios das sujas operações.

O asseio não teve fim ainda. Contra outros alvos mostra-se conveniente a repressão avançar. Tão consagrado, o nome de Collor não teria como escapar desta eventual gama de políticos que já "trabalharam" muito e estão em tempo de abrir espaço a gente interessada em fazê-lo melhor, assim como o de Renan Calheiros. Descrita instância legislativa do Brasil ganha destaque junto a concorrentes estrangeiros com similares incongruências estruturais ao permitir-se chefiar por alguém que não se contentara com seu arrepiante passado inerente a 2007 e lambuza sua honra em suspeita de envolvimento no Petrolão.

Em matéria de fixação de justo desfecho à trajetória de Calheiros, ao Senado tudo que a Câmara dos Deputados reservou de verossímil modelo através da largada prática no rito do impeachment de Dilma e do afastamento de seu comandante, a raiz da trama, foi o regular objetivo das mobilizações cujo sinal não transcendeu da falha expectativa comum. Até que marco o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zawascki ajeitara segundo o que lhe é atribuído as engrenagens da decisão de afastar Cunha antes de dar partida nela? A celebrável meta de reduzir a corrupção a nível federal alimentada pela suspeita de Cunha estar recorrendo a muitos meios – possíveis de incluir a indução ao impeachment de Dilma – com interesse em fugir à mira da Operação Lava Jato tornou-se menos digna de apostas no cair de um raio devido ao rápido posicionamento no cargo vago de Waldir Maranhão, outro nome relacionado à grande quadrilha. O que ganha melhor forma com atitudes penais e reparadoras de danos pouco distintas da vingança em pele de combate à imoralidade política que o impostor iniciou?

Um dos casos de recusa em assimilar o rápido adestramento dos deputados por seus partidos, Waldir Maranhão tentou conter a suspensão de Dilma por seis meses em caráter de tempo semelhante ao início dos trabalhos da mineradora Samarco em socorro a extenso contingente populacional em Minas Gerais e no Espírito Santo após a ruptura de barragens suas e vazamento de rejeitos que a partir do último 5 de novembro passou a afetar o grupo de várias maneiras. Quase um mês passado do rito final sobre o assunto naquela casa governante, apesar de suas extravagâncias, a tentativa agora em parte consumada de realizar o impedimento da petista já rendia a seus atuais juízes pronunciado interesse.

Não apenas os olhos e mentes sem compromisso total com seleta junção política acompanharam no dia 17 de abril, último da votação na Câmara iniciada no dia 15, o cerimonial que encerrava o papel dos deputados no caso em tão vivo testemunho dos limites contra os quais avançaram, evidenciados no majoritário voto com justificativas em opiniões enfatizando mais as relações com seus partidos e na carta branca para toda a grande mídia transmitir a sessão até ao vivo, utilizando dessa cobertura e do poder influenciador dos veículos informativos os parlamentares para adiantar Inadequadamente suas respostas ao povo. O pedido de afastamento da presidenta em si, no entanto, merece estudo, contendo seus motivos, elementos que algum sinal dão de a ré ter conduzido as receitas públicas ao aprofundamento de sua carência lançando-se ao combate dela através de empréstimos junto a bancos em sua própria responsabilidade sem talvez cabível preparo ("pedaladas fiscais") e créditos suplementares longe das diretrizes legais. A oportunidade esta aí para avaliar a correspondência entre cada palavra na compilação acusadora e o real, expectativa sustentada pelo enorme prazo (seis meses) em que os trabalhos apresentam grande chance de mostrar as respostas e a subordinação dos senadores não a um deles, mas a comando externo do STF, sob o qual há mais garantia de equilíbrio entre governistas e opositores.

Não pode ser subestimado o risco de Dilma ter como traço importante a esperteza acima do patamar saudável! Basta recordar os vexames crônicos enfrentados por seu antecessor molusco e o partido de ambos, bronca menos significante comparada à rebeldia juvenil da presidenta destronada, sob a qual em bando com ideário semelhante lutava contra o regime militar e em prol de democracia dificilmente inteligível face à pouca diferença de civilidade entre os métodos que abraçavam perseguindo tal fim e aquele terrorismo de Estado. Mas a visão predominante na sociedade há tempos de que o PT levaria a corrupção e as negligências administrativas junto em possível desalojamento escureceu ante manobras de Temer dentre os ritos de estreia parecidas com o que vinha sendo feito no antigo regime. Se o antes presidente adjunto planejava trazer retidão ao governo nacional, faltou um imprescindível detalhe na escolha de seus ministros, vistoria em todos os dados que apontassem a idoneidade administrativa dos escolhidos, caso de seus hábitos financeiros.

No que tange ao menos à Lava Jato, só um dentre os treze surpreendentemente não recebeu sequer um níquel de firmas que aproveitaram sua relação com o esteio do setor petroleiro nacional de forma oportunista, como atalho na satisfação de interesses que não podem ser explicitados em consequência de seu repúdio social. O prognóstico para a carga tributária por enquanto, segundo entende-se em declaração do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, segue como na era "bolivariana", mantendo-se a inquietude devido ao risco de a CPMF retornar. E tendo em vista a perda de força das iniciativas públicas visando aproximar do certo os gastos do próprio Estado em virtude do rebaixamento da CGU (Controladoria-Geral da União) a um ministério, não sendo mais seu comando atributo da Presidência da República (o que lhe conferia forte poder para fiscalizar os ministérios), a voz tanto do setor patronal quanto do proletário, como instrumento sobre o qual os políticos desvirtuados têm menos poder, ainda mais espera aplicação unificada a fim de guiar a nova base governista na eficaz reação às necessidades dos grupos a cujo reboque vai o papel de cada um na ordem coletiva.

Um golpe se processou contra Dilma, única convergência entre o pensamento dos petistas roxos e a realidade. Importando-se só com o mundo perfeito que PT e aliados idealizam, "não presenciaram" condutas da agremiação merecedoras de mesma etiqueta, figurando como participação em ultrajes à lei seguida de atos para camuflar os deslizaes e incutir entre a massa apenas suas benfeitorias ignorando as falhas que apresentam, tudo buscando eternizar-se no poder. Mas a escolha eleitoral dessa gente contra ela se voltará por se basear em critérios incompletos. Ora, a grande lição que a mudança estrutural política implica para todos os vindouros momentos em que escolheremos nossos representantes é a importância de levar em conta na opção por um candidato, além de seu preparo, o de quem preencherá a vacância em seu cargo defronte a entraves, a correspondência do substituto com as ideias do titular.

(Onde este artigo foi reproduzido:
http://www.douradosnews.com.br/noticias/cidades/novo-brasil-hora-de-mostrar-em-atos-para-onde-vai

http://www.tnginforma.com/2016/05/novo-brasil-hora-de-mostrar-em-atos.html?spref=fb

http://www.artigos.com/artigos/20441-novo-brasil-hora-de-mostrar-em-atos-para-onde-vai

http://www.artigonal.com/politica-artigos/novo-brasil-hora-de-mostrar-em-atos-para-onde-vai-7446684.html

(Conteúdos que o basearam:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-05/confira-como-foi-votacao-no-senado-por-parlamentar-por-partido-e-por-estado)

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/63,65,63,14/2016/05/05/internas_polbraeco,530491/teori-zavascki-afasta-eduardo-cunha-de-mandato-na-camara.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/05/internas_polbraeco,530496/eduardo-cunha-deve-ser-substituido-pelo-vice-deputado-waldir-maranhao.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/09/internas_polbraeco,531042/waldir-maranhao-anula-tramitacao-do-processo-de-impeachment-de-dilma.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/09/internas_polbraeco,531097/renan-nenhuma-decisao-monocratica-pode-se-sobrepor-a-do-colegiado.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/10/internas_polbraeco,531145/waldir-maranhao-revoga-ato-em-que-anulou-sessao-do-impeachment-na-cama.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2016/05/13/internas_economia,531793/juca-diz-que-governo-cortara-4-mil-postos-de-cargos-de-confianca.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2016/05/13/internas_economia,531805/governo-temer-aumentara-impostos-mesmo-que-temporariamente-diz-meire.shtml

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/07/internas_polbraeco,530843/cotado-para-desenvolvimento-social-de-temer-rebate-dilma-sobre-cortes.shtml

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-05/governistas-e-oposicao-divergem-sobre-como-serao-os-proximos-180-dias-no

http://www.diariodopoder.com.br/noticia.php?i=55822749236

http://diariodopoder.com.br/noticia.php?i=55790098898)

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