O sistema político mais limpo da América Latina, graças aos relativismos

Descoberto seu caráter perverso no ano passado, o planejamento no Fundo de Desenvolvimento Indígena Originário Campesino (FONDIOC) de atividades cujos frutos atenderiam um grupo social não relacionado a suas atribuições efetivas mantém-se interessando à opinião pública da Bolívia. A ex-ministra de Desenvolvimento Rural Nemesia Achacollo se torna novamente alvo das autoridades talvez em apropriado inconformismo com a inocência que a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa Plurinacional lhe atestaram após interrogá-la em 2015. Não só ela se livrara tão fácil da vexatória imputação de ato delituoso com apoio de uma comissão formada predominantemente por legisladores favoráveis à gestão de Evo Morales (denominados "oficialistas", termo referente a apoiadores de governos em curso nos países latino-americanos de língua espanhola) que anulou o efeito das "injustiças" em outros 11 casos desde 2011.

As contas bancárias, veículos automotores, imóveis, a descendência (possivelmente étnica) de Achacollo e outros 15 envolvidos e dados acerca do uso de linhas telefônicas por eles interessam ao fiscal Anghelo Saravia, que ordenou no início do mês o monitoramento de cada item pelo órgão público supervisor correspondente. O trabalho independente dos grupos guardiães da lei em seus demarcados nichos unirá as peças do quebra-cabeça da verdade sobre a matéria-prima financeira das conquistas materiais e o que pode ser o grau de vínculo familiar entre os infratores e o agrupamento social a que se põem acima de qualquer coisa os amparos que negaram.

O escape de dinheiro público a suas funções no FONDIOC, em parte disfarçado pelo fingimento da continuidade de seu verídico emprego através de projetos "fantasma", expressou omissa atenção a um quase inteiro contingente demográfico. Indígenas e mestiços integram majoritariamente a população boliviana, não sendo interessante o uso do segundo termo entre alternativas de autoclassificação étnica para entrevistados em censos. Sólido espaço não há para dúvidas de que os parlamentares oficialistas inclusive a si mesmos honraram acolhendo a explicação da ex-ministra de Planificação para o Desenvolvimento Viviana Caro quando interrogada em 27 de outubro de 2012 sobre a não inclusão da terminologia durante o preparo do censo que ocorreria no mês seguinte, a preferência pelos organizadores de seguir o consenso mundial que opta pelo abandono do conceito em virtude do reconhecimento de ele se aplicar a todos nós, considerada a ocorrência de interações entre variados povos e a miscigenação resultante desde a pré-história.

Não bastando ter deixado muitos is sem pingos no caso FONDIOC com a absolvição de Achacollo – o que se não acontecesse dispensaria a recomposição de cerco a ela –, similarmente às vacâncias apontadas pela oposição nos mecanismos que levaram a maioria da ALP a aceitar o informe da ex-ministra em 11 de junho de 2011 sobre desconhecer esquemas de compra de terras no Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA), o oficialismo na ALP não atingira alvo capaz de liberar conteúdo esclarecedor em uma das interpelações. Quanta estreiteza há nas relações entre o Ministério de Economia e Finanças Públicas e a entidade indigenista considerando-se o desconhecimento pelo ministro Luis Arce do que ocorria no segundo órgão por caber a seu corpo administrativo?

O governo de Evo Morales enfrentou a partir de 2011 uma reação em cadeia político-social a nível nacional e exterior ao encontro de uma rede de extorsão armada em ministérios. Ao empresário estadounidense Jacob Ostreicher, alvo de chantagens em troca de sua liberdade depois de preso por vínculos com o narcotráfico, deveu-se o início da notoriedade da trama quando atraiu interesse da Corte Internacional de Direitos Humanos e de um escritório de advocacia em Washington com suas queixas envolvendo a elasticidade prática que as leis bolivianas vinham tendo em mãos exigentes de barganhas para às vítimas conceber benefícios individuais de variante merecimento no aspecto jurídico ou direito a exercício de atividades relativas ao bem comum. Veio à tona o restante da gama de vítimas abrangente entre outros empreendedores e políticos, neste caso cabendo destaque a José María Bakovic, ex-líder de antiga divisão pública federal empenhada no zelo para com a malha viária, por ter reconhecido a armadilha na forma de cobranças milionárias pelo bando para que pudesse construir a rodovia Tarija-Potosí (entre as províncias homônimas) e evitado cair nela e levar a sociedade junto, problema maior que o consequente retardo das obras.

Aí se elucida em parte as faltas no preparo da estrada que levaram em 18 de junho de 2011 o ministro de Obras Públicas, Serviços e Habitação Walter Delgadillo à frente dos deputados e senadores pretendentes de esclarecer a origem e o destino de recursos empregados nesta e outras obras, havendo algum valor legal na absolvição do político em se tratando do específico episódio. Se analisado só o impulso que os ministros da Presidência (Juán Ramón Quintana) e de Governo (Carlos Romero) e a ex-ministra de Transparência (Nardi Suxo) conferiram ao desmantelamento da parceria delinquente, grandes condecorações lhes são acessíveis em complemento a sua proteção contra os vigores legais ocorrida pelos dominantes votos de inocência na Assembleia em dezembro do ano seguinte.

O ministro Quintana deixou a ALP sem dúvidas em torno de si que poderiam conduzir a rumo distinto do atual seu corrente mandato porque, se tiverem sido, não enfrentaram sério exame os registros de intervenções na polícia nacional junto a um ex-agente e o que provocaram no departamento. Ante uma polícia que teria abandonado os méritos intelectuais e práticos e aderido ao nível de concordância dos membros com os feitos do ministro no papel de critério para ascensão na entidade, atitudes por que se empenharam ele mesmo e Mario Fabricio Ormachea, antigo trabalhador da segurança, o povo fica em posição bastante condizente quando lhe é necessário apelar aos guardiães da ordem coletiva na lida contra alguns desafios sem importar a mesma disciplina em que todos abastecem as reservas públicas de recursos para as equipes. A estruturação de muitas atividades suas com vista a canalizar os resultados direcionando-os prioritariamente aos mandatários dá características de uma mácula a mais na reputação dessa polícia, como estaria se fazendo também com o Exército, ao comparecimento de integrantes das instituições em um ato do MAS-IPSP (Movimento ao Socialismo-Instrumento Político pela Soberania dos Povos), o partido de que Evo Morales até presidente é, embora maior soma dos parlamentares tenha aceitado explicações que negavam isso de Carlos Romero e Rúben Saavedra, ex-ministro da Defesa, a 21 de abril de 2012.

Atuar na rede extorsiva não era suficiente para Quintana. Naquele ano, já fora sentenciado a comparecer â ALP em 20 de junho para explicar a falta de transparência no programa de desenvolvimento econômico e social "Bolívia muda, Evo cumpre", apontando a incapacidade de controle dos investimentos por sua vastidão e, portanto, só naquele instante mostrando com mais minúcias a origem dos recursos, inicialmente enviados pela Venezuela entre 2007 e 2011 e a partir daí vindo do Tesouro nacional. A informação acabou legitimada pela maioria dos deputados. Ao voto de confiança, que resguardava o réu das recompensas proporcionais a seus atos, tornou-se ideal uma reavaliação pela força do retorno no último abril da associação do nome a procedimentos inobservantes para com a lei, manifesto nas declarações de Gabriela Zapata, ex-noiva de Morales, levantando um tapete responsável por esconder atitudes sujas no uso dos recursos do programa que ela teria presenciado quando ocupava cargo no funcionalismo público.

No recente fevereiro, eram tempos de ajustes na consciência popular para que em um referendo os indivíduos fundissem suas experiências e os aprendizados delas resultantes em um almanaque dispondo aos governantes a profundeza e o espalhamento geográfico de suas necessidades a inspirarem a calibragem para os tempos de hoje do código jurídico a que os outros subordinam-se. O Ministério da Comunicação se incluíra no processo como elemento auxiliar, entretanto possívelmente guiado por interesses do governo em manipular a percepção comum da realidade visando atenuar as exigências com que se deparariam através dos resultados da votação, segundo apontou no mês posterior o Tribunal Supremo Eleitoral, incentivado por isso a abrir processo contra a ministra Marianela Paco. Tamanho, comprova-se, não é suficiente documento certificador da eficácia de um serviço e competência de quem o executa, caindo por terra o exemplo trazido pelo radical arrocho nas despesas com a produção e divulgação de conteúdo governista entre 2014 e 2015 declarada por Paco em interpelação a 28 de agosto do último ano aprovada na assembleia.

Em 3 de outubro do recém-inteirado ano o ministro da Defesa Reymi Ferreira e os deputados estavam sob um mal aproveitado clima decisório com o qual tinham relação causadora. Quando interpelaram Ferreira sobre o caso da não finalizada compra de barcaças e acessórios chineses para a Marinha, os legisladores oposicionistas passaram distraidamente por uma chance de mostrar que têm força insubordinada a seu caráter de minoria. Para desmistificar a negação pelo interrogado do envolvimento de membros de seu ministério nas credíveis falhas de comunicação entre o conjunto e as empresas pagas para montar e entregar os veículos aquáticos cujo reflexo fora o gasto em vão de 30 milhões de dólares pouco serviu a afirmação de o antecessor do réu, Rúben Saavedra, ter alguma culpa sem apresentar as concretas provas exigidas pelo interpelado prometendo entregar o cargo em caso afirmativo. A absolvição repetida com Ferreira encerrou tal momento da apuração do caso negligenciando um dos fatores que lhe dava sentido, uma revelação parcial de culpados, conectável a seguintes procedimentos para compensar os danos.

O domínio oficialista daquela estrutura legislativa teve papel no atestamento de efetividade da maneira de se combater o narcotráfico exposta pelo ex-ministro Sacha Llorenti, que a 5 de março de 2011, dois meses após ocupar a pasta de Governo, na forma de medidas repressivas contra a grande presença de mãos atuantes no setor ilegal no funcionalismo público, detalhada anteriormente pelo ex-general e membro de um órgão antidrogas René Sanabria em certa enviada à mídia dos Estados Unidos a partir da cadeia que o abrigava por envolver-se justo no ofício do qual tinha teórico papel de inimigo segundo as diretrizes do antigo empregador. Uma melhor prova aos gestores federais do sucesso com que seguem no enfrentamento surgirá com a mostra pelos governos dos países vizinhos dos subprodutos organizacionais coletivos que em seus territórios manifestam-se da parte do inimigo inerente à Bolívia. Está aí um tema susceptível a cobranças produtivas durante a atual gestão Temer, podendo seus operadores converterem sua menor afinidade para com sistemas de governo socialistas em expressivos ultimatos a Morales e associados para sufocarem a rota narcótica que aqui desemboca.

O acesso direto ao mar levanta um país em alinhamento a amplas e fantásticas possibilidades de adquirir bens vindos de terras longínquas pelos oceanos e transportar no sentido inverso o que de melhor produz influenciado por menores custos nas duas situações. A tantas nações o destino, em seu desenrolar geológica, política e culturalmente histórico, reservou a indesejável localização atrás das privilegiadas, sendo assim com a Bolívia. Seu governo recorre a tudo que pode para virar essa página, na verdade regressar a uma mais confortável. Apresentando a organizações internacionais (entre as quais aguarda resposta da Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda) as queixas contra as negações pelo Chile de reavaliar para possível reversão os procedimentos valendo-se dos quais os antepassados do Poder Público do mesmo tomaram-lhe área de frente para o Oceano Pacífico após guerra em 1879, a Bolívia as pusera em mãos mais cientes quanto à atual estreiteza do repertório de providências eficazes na resolução dos desaforos, resumidas a acordos obrigando os chilenos a majorar (caso já exista) a participação do Estado limítrofe entre os que exportam mercadorias de seus portos, não sendo mais tão considerável efetuar a plena troca dos administradores federais a que se subordinam as terras à beira-mar e adjacentes graças ao vínculo cultural sem dúvida alguma de sua solidez dos habitantes com o país que integram, à raiz do qual se veria prejuízos à ordem do conjunto. Ao menos o descrito ângulo garantiria respaldo popular a esta política marítima que o ministro de relações exteriores boliviano David Choquehuanca apresentou aos deputados em 7 de abril de 2011, assim como estes aprovaram-na.

Em muitos dos casos ratificando inocências com critérios insuficientes para inspecionar as acusações de cima a baixo, origem de vácuos na veracidade das sentenças, o Legislativo federal boliviano serviu mais como ponto de trânsito por motivos desprezíveis, onde os interpelados se encontraram com parlamentares de predominante mesmo alinhamento político. A inconveniência antes de tudo deriva do apego a ideologias políticas superior a sua eficiência prática ou ao vultoso dinheiro que enche os olhos dos políticos, ambas ilustrando a causa de seus esforços para se manter nos cargos o quanto puderem. Aí se valem dos cidadãos, a quem iludem sem dar trégua escondendo ou atribuindo à oposição os erros de seus mandatos, fenômeno provável de estar acontecendo na Bolívia como alimentador da maior presença de deputados e senadores do MAS e partidos correligionários em recinto compatível com a exposição de ideais diversos. Visto que em estados soberanos ao nível deste e mesmo em lugares um pouco melhores (leia-se nossa pátria) a área educacional pública recebe investimentos em variável potencial de ser úteis às demandas e/ou influência abusiva das ideologias dos governantes e nem os meios de comunicação de maior audiência valorizam o prestígio dando seu melhor em instruir os espectadores, sair do atoleiro é meta alcançável mediante trabalho complementar dos eruditos mais neutros politicamente, indicando às populações os limites práticos de suas convicções individuais em que cada uma tem a somar com seus respectivos olhares sobre o mundo.

(Onde este artigo foi republicado:
http://www.webartigos.com/mobile/artigos/o-sistema-politico-mais-limpo-da-america-latina-gracas-aos-relativismos/142923/

(Conteúdos que o basearam:
http://www.erbol.com.bo/noticia/seguridad/06052016/fiscal_reactiva_caso_fondioc_y_pide_datos_de_bienes_y_cuentas_de_achacollo

http://www.paginasiete.bo/nacional/2016/4/18/oficialismo-sostiene-hubo-razones-para-censurarlos-93610.html

http://www.paginasiete.bo/nacional/2016/4/18/interpelaciones-salvo-censura-doce-ministros-93609.html

http://www.paginasiete.bo/nacional/2015/10/3/asamblea-voto-confianza-ministro-arce-interpelado-caso-exfondo-indigena-72251.html

https://www.eldia.com.bo/mobile.php?cat=1&pla=7&id_articulo=102342

http://www.elpaisonline.com/index.php/sociales-2/item/23338-liberan-de-censura-a-ministra-achacollo

http://eju.tv/2012/12/antes-fue-romero-ahora-quintana-reprocha-desafortunadas-declaraciones-de-presidenta-de-diputados/

http://m.la-razon.com/nacional/seguridad_nacional/Extorsion-Quintana-pone-disposicion-informacion-bancaria_0_2025397466.html

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http://www.bolivia.com/actualidad/politica/sdi/53034/legislativo-ratifica-confianza-en-tres-ministros-de-estado-luego-de-interpelacion

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http://la-razon.com/index.php?_url=/nacional/demanda_mar%C3%ADtima/Choquehuanca-Salida-Bolivia-soberana-compensacion_0_2417158335.html)

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