Do descaso veio a conta aos culpados

Das cadeias procederam ordenanças por meliantes de revanchistas derivações mais graves das linhagens de circunstâncias que para lá levaram-nos. Entre 10 e 12 do último mês os governantes e cidadãos de Mato Grosso tiveram agradecida sua apatia para com as condições dos reclusos nos incêndios a ônibus de transporte coletivo, tiros em uma base da PM e ataques a casas de um agente penitenciário e de um policial em Cuiabá e na vizinha Várzea Grande, além de, no interior, ato parecido com o segundo item (queima criminosa de viaturas) em Barra do Garças e condutas associadas ao terceiro em Sinop e Barra do Bugres.

Os comandos para a instauração do clima de terror na porção de terra vizinha, outrora parte, nossa – "colocar o bagulho no vermelho", "destruir a cidade", conforme diálogos entre presos – floresceram sem topar com socialmenrte benditos obstáculos, os agentes penitenciários, boa parte dos quais manteve-se fora dos presídios, em estado de greve que perdurou por 33 dias e foi encerrado no primeiro sábado do caminhante mês. O reajuste salarial de 11,28%, não exclusivo à categoria, fora estabelecido pelo próprio governo, ao qual se mostra a importância de conceder esta recompensa aos servidores legítima segundo os riscos em que o ofício incorre a eles e suas famílias, explicitados na temporada que passaram fora das carceragens, em cujo curso os detentos não puderam receber visitas (éis aí o motivo dos ataques), por válida causa.

Os corpos dos profissionais regulam o funcionamento da barreira à entrada de encomendas que põem a baixo os esforços para reintegrar os detidos na sociedade (celulares, armas e drogas), entretanto apresentando estreitíssima resistência a tais elementos. O elencado atributo é mais importante na estrutura material disposta aos trabalhadores. As observações implicam no atestamento de que enorme massa de assistentes carcerários brasileiros atua em paralelo às capacidades infundidas pelos recursos dos governos, abaixo do cume teórico, socialmente adequado, que estes mesmos estabeleceram.

Mantimento em espécie não é o que falta nas contas públicas matogrossenses, mesmo o estado acompanhando as demais unidades da federação nos desgastes oriundos da crise econômica nacional. Além dos impostos recolhidos dos habitantes orgânicos e jurídicos, a alta do dólar alargou as remessas para a economia e a gestão pública com um superávit (exportações maiores que importações) semestral de U$$ 7.562 milhões na balança comercial do estado, recebendo ela 29% superior à do mesmo período de 2015. O método através do qual os gestores regionais distribuem as generosas riquezas resta como suspeito de conter vícios retardadores das remunerações acrescidas. Haverão os supervisores prisionais de, na busca por acesso a seus direitos, seguir empregando a mesma perseverança com que tentavam enquanto suportavam exercer suas tarefas peitando o descaso dos chefes. Quão se garante o acato às reivindicações após a cruzada de braços que demonstrou a valia delas enquanto até judicialmente o governo teve respaldo em não pagar benefício salarial análogo a empregados no setor de resguardo à saúde e segurança na cadeia produtiva agropecuária, ao passo que também enfrenta greve de profissionais do poder Executivo e de desenvolvimento econômico e social?

No isoladamente analisado caso da crise no sistema penitenciário do país todo, por meio da atmosfera de pânico e dos ataques a bens de que o povo usufrui foi inaceitavelmente cobrada do contingente cidadão de Mato Grosso sua parte na dívida para com membros reclusos por inobservância às regras gerais. O reeducando que proferiu o ótimo objeto de análise sintática "nós tá sendo oprimido" nas mensagens telefônicas ordenando a baderna denuncia sua ainda viva aptidão para os caminhos tortos com o flagrante assassinato a mão armada da língua portuguesa, sendo acionado o gatilho provavelmente pela escassez de suporte educativo e cultural muito pretensa a ter contribuído para a iniciação do sujeito neste submundo. A mensagem tem certa veracidade, não partindo só dos colarinhos-brancos as opressões.

Já tendendo comumente a se desviar da legítima função, o Estado brasileiro parece (se ainda não estiver) atender exigências de uma massa intelectualmente patética de seus subordinados.

Os encurralamentos em estruturas pouco aptas são para degustação por formadores de opinião na mídia e seus telespectadores como frutos da concessão a infratores de tratamento com dignidade nivelada à dos delitos culpáveis por levar essa gente para trás das grades que o primeiro grupo prega e o segundo acolhe. Certo não é mesmo negligenciar a cólera geral advinda de algumas categorias de crimes, como homicídios crudelíssimos, violências sexuais e quaisquer ultrajes a pessoas física e psicologicamente incapazes de reagir (crianças, idosos e deficientes). Nào dá, entretanto, para congelar a endemia criminal descartando-se condenação perpétua a delinquentes cujas infrações cimentaram marcas negativas em sua imagem social, com a disponibilização a eles de cuidados que deem conta de sustentar suas necessidades vitais, para evitar que sofram e descontem na sociedade caso se evadam do cárcere, sem lhes fornecer alento a prazeres acessórios merecidos em tese só por quem nunca abre mão da vida honesta. Como meio para impossibilitar a colateral superlotação das cadeias com o abrigo definitivo desta categoria irrestaurável de internos há o esforçoso investimento para recuperar os ressocializáveis, que infringiram a lei menos gravemente, fornecendo-lhes assistência pedagógica que inclua reeducação moral ou, no caso dos autores de brigas, furtos e danos em mínima escala, uma chance para abandonar a carreira transviada ainda em liberdade por meio de trabalhos comunitários.

Também não é de se negar como ferramenta para sufocar o banditismo a prevenção do ingresso nele, essencialmente de quem dá os passos inaugurais como cidadão. Ou seja, acuar o setor retirando-lhe membros e impedindo sua regeneração. Mas a oferta de mão-de-obra para empregos malandros continua larga graças à relutância estatal em educar os cidadãos desde muito cedo no mesmo modelo proposto antes para as cadeias e à deficiência nas pernas com que muitos brasileiros poderiam andar em parte com autonomia ao se espairecer com material artístico gerado pela grande mídia segundo o quanto promovem valores benéficos para valerem de raís à sociedade.

Os frutos indigestos apresentam em seus genes heranças indicando a árvore enferma da qual vieram e somos encarregados de cuidar. Demos-lhe o conveniente tratamento que nos condicione a deixar a prisão do medo onde nos encerramos com tanto malfeitor à solta!

(Referências:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=491833

http://www.midianews.com.br/cotidiano/mais-quatro-ataques-criminosos-sao-registrados-em-mato-grosso/265962

http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=madrugada-tem-ataque-a-casa-de-agentes-e-viaturas-queimadas-no-interior&id=421841

http://www.rdnews.com.br/cidades/viaturas-do-centro-socioeducativo-sao-incendiadas-em-barra-do-garcas/71988

http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=sociologo-defende-atencao-para-detentos-e-diz-que-populacao-carceraria-e-problema-de-toda-sociedade&id=421805

http://www.sonoticias.com.br/noticia/geral/servidores-do-sistema-penitenciarios-encerram-greve-em-mt

http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/88388-servidores-penitenciarios-encerram-greve.html

http://www.folhamax.com.br/cidades/tj-nega-liminar-para-que-estado-seja-obrigado-a-pagar-rga-integral-aos-servidores/92020

http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/149/materia/484312/t/justica-nega-rga-integral-a-servidores-da-agricultura

http://www.folhamax.com.br/economia/mt-acumula-superavit-de-us-7-562-bi/91926

http://www.olhardireto.com.br/agro/noticias/exibir.asp?noticia=superavit-da-balanca-comercial-de-mato-grosso-e-29-maior-que-2015&id=23789

http://www.folhamax.com.br/politica/em-liminar-tj-avaliza-pagamento-de-rga-de-7-36-parcelado-em-mt/92080)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Omissões que soterraram vidas e sonhos

Justiça de novo em busca de garantias de retidão

A solidez do inédito nível de apoio que Lula recebeu para voltar aonde já esteve