Alvo impensado de isca revanchista

O transcurso de uma semana foi tudo de que o departamento investigativo da polícia e a perícia criminal mato-grossenses precisaram, rumo que a coesão favorecera no trabalho de ambas, para fazer aflorar ante o conhecimento da familia de um garoto de dois anos residente em Cuiabá e da sociedade comovida o que levou à morte da criança poucas horas após consumir um achocolatado em 25 de agosto. Os indivíduos comuns e o ramo da sociedade destinado a traçar órbitas corretas das ações deles e de si mesmos visando a maior ordem possível no conjunto são atraídos à revisão do modo com que encaram a vulnerabilidade social agente sobre muitos indivíduos e respondem a seus efeitos adversos.

Situou-se toda no bairro Parque Cuiabá a chocante sequência de fatos partida do falecimento do menino Rhayron Christian da Silva Santos. Uma mera caixinha de bebida láctea achocolatada Itambé foi responsável por um mal estar grave sem vínculo com a leve gripe do garoto. Indiferentes à celeridade com que os país dele o encaminharam à Policlínica do Coxipó e à disposição dos profissionais de lá no atendimento do caso, os sintomas progrediam na agressividade até descambarem para o pior. A mãe e um tio tomaram outras amostras do laticínio, que os fizeram passar mal sem gravidade, apesar de internação hospitalar ter sido necessária ao homem. Medidas tendo por alvo o produto partiram de autoridades, lojistas regionais e nacionais e por cidadãos exprimindo seu desejo de saber o que houve com ele e se o problema tinha dimensão suficiente para lesar compradores em diversas áreas da nação. No pior dos exemplos, aqui no irmão daquele estado, antes pertencente a seu território até 1977, com sobrenome Do Sul, do clima de precaução ensejado pela história apropriaram-se web espírítos de porco informando a ocorrência de outras mortes de crianças neste solo. A ausência de qualquer sincero fundamento na iniciante guerra psicológica contra a mercadoria, reivindicada por seu fabricante ao informar que nenhum outro consumidor tivera desagradáveis surpresas, confirmou-se e deteve agilmente as operações através das descobertas sobre o óbito da criança cuiabana.

Passada exata uma semana desde a sofrível experiência que abalou esta família e já no primeiro dia deste mês que também está se despedindo, a antes enigmática ocorrência, influenciável à literatura e dramaturgia policiais, tornou-se íntegro quebra-cabeça que nos diz muito sobre o desnível entre as aparentes vantagens e as implicações concretas de como muitos de nós por vezes intervimos com a prática ou o intelecto em panoramas de injustiça social. Em mais uma benévola reação, de acordo com o secretário estadual de segurança Rogers Elizandro Jarbas, a um rotineiro trabalho conjunto, a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (DEDDICA), um segmento da Polícia Judiciária Civil, e a Perícia Oficial e Identificação Técnica (POLITEC) concluíram que Rhayron, com mais facilidade defronte as condições sociais dominantes em sua vida, foi vítima equívoca de uma muito socialmente cultuada ideologia de enfrentamento de um grave problema coletivo cuja probabilidade de sucesso é exposta num ângulo muito mais profundo.

Recebendo ventos em suas velas da mídia popular que não faz de sua massiva audiência substrato para elaborar materiais edificantes à consciência comum, a lei "Bandido bom é bandido morto!* ganhou uma força com potencial temível capaz de torná-la um automático gatilho acionador de respostas às experiências às quais ela diz respeito, o que elimina espaço anterior às decisões para que o praticante examine as consequências e apele a um modo de ação com maior garantia de que atinja somente o alvo e, em consequência, legalmente respaldada.

Depositando na possibilidade de vingar os furtos cometidos em sua residência por Deuel Rezende Soares, de 27 anos, a mesma confiança que num enfrentamento pessoal com o sujeito usando o próprio corpo ou qualquer arma, o comerciante Adônis José Negri, de 61, adulterou caixas do achocolatado adicionando-lhes veneno do tipo "Era Rato" efetuando discretos furos nas embalagens possivelmente com uma seringa. Justo aqueles preparados lácteos acabaram na mão do invasor em mais um ataque seu, e a relação de quem havia deixado aquele presente com a lei e a sociedade piorou a nível em que deixara muitíssimo para trás o perfil nesse tópico do sujeito que apanhou o agrado quando o mesmo o vendeu ao pai de Rhayron para o consumo pela família. Sobre Deuel a lei impõe só o peso do furto, uma dose de justiça adequada ao desconhecimento pelo rapaz do que mais havia nas caixas além da bebida e era justo para ele, quando terminou atingindo um inocente. Para o ladrão e Adônis a conclusão do inquérito resultou em apresamento no Centro de Ressocialização de Cuiabá, de onde ameaças de se fazer do segundo também vítima, desta vez certa, de justiça com as próprias mãos (podendo similarmente haver riscos aos familiares, colegas de cela, carcereiros e quaisquer adicionais pessoas inculpáveis ligadas a ele) o "expulsaram", tendo de ser conduzido ao Centro de Custódia de Cuiabá.

Os dois envolvidos secundários no trágico acontecimento, que contribuíram para a chegada do item alimentício impróprio (assim tornado pelo verdadeiro causador do transtorno para se vingar de um dos homens) à indefesa e inocente vítima, em suas trajetórias apresentam um denominador comum: as iniciativas públicas, privadas ou filantrópicas que visam a prevenção do uso de drogas e uma chance aos que desejam sair deste caminho os deixaram de fora dos contingentes que atingem. Chegaram a estarrecedor nível as consequências do que seria apenas mais um furto exercido por Deuel em possível ligação com seu vício, mesmo fator presente na vida do pai de Rhayron ao qual se conectariam as dificuldades econômicas da família contribuintes para que o dito cujo adquirisse os achocolatados informalmente. A escravidão induzida pelo crack no segundo ser nunca o incluiu nas estatísticas criminais, lhe sendo agora mais que nunca necessárias assistências com o fim de mantê-lo longe da coragem para fazer da ordem social bode expiatório envolvendo sua grande amargura.

Deparamo-nos com episódio histórico que melhor provou a sujeição da justiça a crassos erros quando seres comuns a efetuam por conta própria não possuindo métodos e recursos racionais e isentos, de modo a ser útil para, no Estado e nas pessoas e grupos que atuam em mesmas funções que ele – constituindo-se parceiros mesmo atuando com autonomia –, fortalecer a valorização da ampla capacidade de exercê-la e delimitar a contribuição popular nela. A partir do que lamentavelmente se passou é irrecusável perante o amor dessas organizações por sua função comum a cautela para afastar do fácil alcance por membros da sociedade os estímulos a transgressões normativas e desmedidas retaliações a estas, buscando aperfeiçoar-se com as ocasionais falhas expostas por casos que mesmo assim ocorrerem.

(Referências:
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=que-apodreca-na-cadeia-clama-mae-de-menino-morto-ao-beber-leite-com-veneno-fotos-e-videos-&id=426037#

http://www.midianews.com.br/cotidiano/idoso-envenenou-achocolatado-para-pegar-bandido-diz-delegado/273573

http://www.hipernoticias.com.br/cidades//crianca-tomou-achocolatado-com-veneno-usado-para-matar-rato-ha-outra-vitima-internada/64106

http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/9/og/1/materia/489471/t/pesticida-no-achocolatado-matou-crianca

http://www.reportermt.com.br/policia/dois-sao-presos-por-envenenamento-de-achocolatado-que-matou-menino/58587

http://circuitomt.com.br/editorias/policia/91689-idoso-injetou-veneno-no-achocolatado-para-se-vingar-de-ladrao.html

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=494790

http://odocumento.com.br/noticias/policia-cidades/acao-soluciona-caso-de-envenenamento-que-matou-crianca-,15422

http://www.rdnews.com.br/cidades/homem-confessa-ter-injetado-veneno-em-achocolatado-para-matar-ladrao/74990

http://www.hipernoticias.com.br/cidades/transferido-de-cadeia-homem-que-envenenou-achocolatado-e-causou-morte-de-crianca/64797

http://circuitomt.com.br/editorias/policia/92815-idoso-que-envenenou-achocolatado-a-transferido-.html

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=495436

http://www.midiamax.com.br/cotidiano/boatos-sobre-achocolatado-contaminado-chegam-ms-causam-temor-313488

http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=pai-de-garoto-que-morreu-apos-beber-achocolatado-envenenado-nao-deve-ser-indiciado&edt=25&id=426670

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