De volta do passado, rumo a um sério plano futurista

Considerável fração do mês precedente particularizou-se como um retrocesso operacional na Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. O que os próprios trabalhadores passaram, tendo relatado junto à imprensa, ante o tumulto nos registros de crimes e de extravios de documentos agrega peso a promessas de que a estrutura ressurgirá mais robusta da corrida perturbação no seu funcionamento.

Em 22 de setembro a empresa Compnet teve prorrogada sua atuação paga como mantenedora do SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional). Por celebrar um novo contrato, condicionado por acertos na documentação da pessoa jurídica e mudanças na partilha dos custeios pelos órgãos beneficiados pelo recurso tecnológico, o governo estadual optou frente à relevância da lealdade aos acordos demonstrada pelo vácuo de cerca de uma semana na competência das repartições atuantes na segurança pública, legítima resposta ao descompromisso governamental para com as necessidades dos entes a quem transferiu tarefas.

O período foi como uma máquina do tempo em marcha a ré, distanciando da realidade em no mínimo uma década a brava rotina do corpo serviçal da Polícia Civil. Talvez empoeirados, tiveram de sair dos armários ou almoxarifados das delegacias os livros físicos para o registro de ocorrências, dos quais a figura de um exemplar em algumas matérias do Correio do Estado reaparecia para quem não se lembrava deles e os apresentava aos sujeitos que começam a formar seu intelecto já na presente era da progressiva informatização. Da parafernália cibernética restaram úteis só mecanismos pouco automatizados, ágeis e possuidores de conteúdo rico para arquivamento de registros, seu encaminhamento via e-mail e consultas de acervos estatísticos.

Tanto entre os policiais propriamente ditos, delegados, investigadores, escrivães e papiloscopistas que não veem nem usam com estranheza as rudimentares ferramentas quanto o grupo dos marinheiros cuja viagem se iniciou no atual período de digitalização, tiveram a competência em importante grau suprimida mesmo pesando sobre o efetivo o adicional fator de se preservar a obrigatoriedade da prestação dos serviços apesar de feita no mais baixo limite de eficiência.

Negar não se pode que sem o protocolo ortodoxo a ordem no setor carcerário se desintegraria em tons mais alarmantes que os relacionados ao escape de cerca de 500 indivíduos do envio às cadeias no estado inteiro por ter sido impraticável a inspeção dos dados criminais inerentes a eles e a demora para registro de queixas em delegacias de Campo Grande (reproduzindo o que não terá deixado de se reproduzir no interior). Em paralelo as manifestações de inoperância do SIGO, que se juntaram a clássicos problemas na infraestrutura da Polícia Civil em alguns pontos sul-
-matogrossenses – deficiências no funcionamento de viaturas e materiais das delegacias, culpáveis pela incompleta compensação da falta do sistema virtual –, constituem um reforço no peso da impossibilidade de os servidores aceitarem e bendizerem todos os aspectos de seus ritos remunerados. Mais fortemente na capital, cidadãos receberam panfletos e presenciaram confrarias para doação de sangue. Tiveram no penoso panorama dos investimentos em segurança pública levantado pelos provedores do serviço e na iniciativa solidária de alguns útil para salvar, por exemplo, vidas que ficaram por um fio quando em confronto com fenômenos sociais que não se pôde controlar tão bem – violência e acidentes de trânsito – o que aprender e transmitir aos indivíduos à sua volta sobre o tanto de virtude que lhes convém na escolha e na "intromissão", necessária quando há erros, nos atos de quem é eleito para comandar o seguimento das atividades nessa e noutras áreas serventes em alguma proporção a todo o coletivo, não levada em conta o poder de apelo a equivalentes serviços particulares, sujeito a melhoras ou danos segundo fatores político-econômicos, por cada indivíduo.

A expressão inconformista dos agentes e demais encarregados da PC os terá elevado a um alinhamento solidário entre suas aspirações e as da Compnet, embora o terreno pudesse ser fértil à indignação contra ela por ser sujeito ativo nos distúrbios que encontraram no banco de dados um meio de existência. Em complemento à disponibilidade a eles de ideias praticáveis para clarificar reivindicações restritas pelo critério de oferecerem menos inconvenientes à população, a empresa dava uma prévia um pouco maior (após contratempos em julho) do que poderia a falta de recursos motivada pelo não pagamento estadual desde março, quando expirara o antigo contrato, ocasionar mais amplamente nos ofícios – sem dúvida não se podendo aí desconsiderar uma cruzada de braços pelos executores públicos – se prosseguisse a indecisão em manter o acordo ou celebrar outro com uma movimentadora de capitais diferente.

Numa dinâmica com ares de uma relação de influência, a resposta dessa parcela da mão de obra estatal perante o indigesto estímulo antecedera em um dia o último capítulo do impasse, a partir do qual se processou a gradual retomada da operação do SIGO. Viabilizaram-no providências mirando um acerto em elementos condicionantes de uma parceria produtiva entre a Compnet e a governança estadual, dentre eles umas certidões necessitadas de adequações pela companhia. Finalmente a administração estadual encontrou caminho para desvencilhar-se das arestas, sucedendo quase dois anos de acordos tentados com o uso de recursos humanos, materiais e ideológicos de serventia ínfima presumíveis com apoio no repasse da culpa pelo governador tucano Reinaldo Azambuja a quem o antecedeu na cadeira, André Puccinalli, de cuja era mandatária os reflexos já estariam minorados agora.

Após cair, permitindo evidenciar-se a posição que ocupa no merecimento de honra pelos gestores, uma estimativa otimista de como será o futuro do SIGO o pretende com ampliada relação de segmentos governamentais a terem respaldo para utilizar sua coletânea de dados. Junto à Polícia Civil, PM, DETRAN e Corpo de Bombeiros está prevista a soma pelo Poder Judiciário de forças com fim em mais evoluídos oferecimento de assistência a vítimas e penalização a culpados de crimes ou acidentes oriundos de lúcidas más escolhas no exercício de inúmeros afazeres corriqueiros. Se definido o novo cenário, a nova repartição usuária haverá de estar na mira de cobranças para ajudar no pagamento contratual à Compnet, em proporção ao acréscimo nas demandas a ela, assim como a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) pede à sua homóloga da Fazenda (SEFAZ) – inclusão justa se a mesma também recorre ao sistema na busca de dados servíveis na vistoria da adimplência dos contribuintes, valendo-lhe atuar de forma semelhante em auxílio às outras pastas em caso negativo – e à entidade supervisora do trânsito que com ela "rachem" a despesa.

Quem sabe o governo sul-matogrossense, com esta ideia que busca por efeito a desconcentração sobre as estruturas centrais dos compromissos que garantam lucros tanto a ele quanto à corporação privada, descubra uma fonte de mútua serventia na relação cruzada entre as contínuas exigências nos serviços públicos e as hoje superiores necessidades de gastos diminutos? O partimento das pendências por entre os setores que as geram mais diretamente compõe um poderoso conglomerado de atos hábeis para conceber tratamento grato às fartas arrecadações monetárias do povo aqui e nos demais lugares onde o exemplo for seguido.

(Referências:
http://m.correiodoestado.com.br/cidades/problemas-para-registrar-ocorrencias-deve-acabar-em-24-horas/287422/

http://www.midiamax.com.br/cotidiano/delegado-geral-determina-policiais-facam-bo-mesmo-sem-sigo-315944

http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/com-policia-as-cegas-agentes-estao-proibidos-de-nao-registrar-ocorrencias

http://m.correiodoestado.com.br/cidades/sem-sistema-policiais-nao-podem-recusar-registros-de-crimes/287148/

http://www.campograndenews.com.br/cidades/apos-parar-de-vez-sistema-para-registrar-crimes-volta-mais-poderoso

http://www.midiamax.com.br/policia/governo-culpa-gestao-anterior-problemas-sigo-se-refem-empresa-315598

http://m.correiodoestado.com.br/cidades/policia-deixou-de-prender-quase-500-pessoas-por-deficiencia/287183/

http://m.correiodoestado.com.br/cidades/falta-de-estrutura-gera-protesto-dos-policiais-civis-no-estado/287335/

http://www.midiamax.com.br/policia/policiais-protestam-frente-depac-contra-retrocesso-seguranca-publica-316221

http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/policiais-civis-doam-sangue-em-protesto-para-alertar-sobre-suspensao-do-sigo

http://www.midiamax.com.br/policia/governo-renovara-contrato-empresa-gerencia-sigo-r-36-milhoes-316321)

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