Planos de governo desacreditados e barrados por sua própria culpa

O que vem acontecendo há mais de dois meses na Hungria é para deixar seu governo olhando consecutivamente em todas as direções buscando o sentido da resposta do povo e da oposição a sugestões de medidas para encarar um assunto que hoje está entre os trend topics políticos em grande parte lá da Europa. Por rigidez no controle do ingresso de refugiados, interesse das grandes lideranças estatais, também pedira uma teórica maioria dos cidadãos, na prática predominando este clamor dentro de um insignificante número de indivíduos que emitiram respostas plenas em sondagem pública. Tentando validar a insegura majoritária opinião, o primeiro-ministro Viktor Orbán encaminhou ao Legislativo federal propostas de mudanças legais restritivas à imigração, rejeitadas por grande parte dos deputados prevendo uma continuada ineficiente abordagem dos desafios inerentes ao tema em virtude de paralelos posicionamentos do alto escalão quanto a dito assunto e o zelo pela máquina governatícia no geral.

Vantagens econômicas não valem integralmente como indulgência para com violações ao que necessita manter-se da soberania decisória política de um Estado exercidas pelos países-membros mais poderosos do agrupamento de nações a que resolve se incorporar. Ganhe o governo e o setor privado o quanto for monetariamente graças à presença nos acordos, as inseguranças e más experiências emocionais dos populares de qualquer classe social oriundas de interferências em certos tipos de deliberações necessitadas de de autonomia ficam de fora do que agrados materiais podem saciar, o que no específico caso significaria o impedimento aos apertos de se envolverem na montagem da opinião coletiva dominante sobre as estruturas mandatárias nacionais e estrangeiras às quais os sujeitos nascem e morrem subordinados.

A inalienável importância de analisar muitas questões políticas, econômicas e sociais por conta própria, embasando-se no conhecimento de suas disparidades culturais em relação a outros territórios e na superioridade na sabedoria interna em relação à dos grupos exteriores, foram para onde dois países europeus membros da União Europeia se esforçaram para que o mundo olhasse de forma analítica. Primeiro veio o Brexit, a debandada da UE pelo Reino Unido pelo qual a maioria da população decidiu no referendo de junho, faltando para que a mudança comece a vigorar de maneira justa uma unidade entre as peças humanas da máquina administrativa britânica em favor de um processo ágil e que adeque o sistema para superar as por muitos temidas dificuldades capazes de derivar da nova ordem para a nação caminhar usando mais seus próprios membros inferiores. Em 2 de outubro o povo húngaro através da mesma ferramenta optou em maioria por, seguindo o ponto de vista de seu governo, rechaçar planos do bloco econômico de sobrepor suas vontades às dos regentes locais na hora de confiar-lhes o atendimento aos refugiados.

Apesar de quase óbvia ser a majoritária rejeição popular a abusos de poderes externos na participação em acontecimentos de interesse público dos países que aceitam subordinar-se a estas forças, consultas padronizadas às diferentes categorias da sociedade – empresários, trabalhadores e pessoas que, não podendo se sustentar, dependem dos segmentos, caso de menores e aposentados – nunca são demais para medir, através de cada resultado, a confiança do todo nas formas pelas quais seus representantes estão pretensos a seguir as vontades expressas nas respostas. Exemplificando-se a sondagem geral húngara, o partido Fidesz, de Viktor Orbán, conclamou os beneficiários da democracia para dar sua palavra (sim ou não) sobre a continuidade da prerrogativa governista da verificação autônoma da aderência entre as conviçções políticas e sociais (incluindo hoje muito o âmbito religioso) dos refugiados que recebe e as do país antes de admití-los no território.

Na específica trama, contudo, a disposição de urnas em locais públicos visando capturar muitos pareceres individuais pouco serviu à edificação do perfil da via que o povo indica para ser seguida na triagem dos imigrantes. Expresso no predomínio dos votos nulos e das abstenções sobre os válidos, mesmo que a maioria dos autores dos mesmos tenha respaldado o plano federal de lida com a questão migratória, constituiu o foco do saldo do referendo na probabilidade estimada pelos húngaros de terem retorno as reivindicações deles a seus representantes em qualquer tópico relativo à gerência pública. Os registros eleitorais portadores de conteúdo acabaram não alcançando os 50% legalmente requeridos para a validação do levantamento, algo próximo do que previa uma pesquisa de opinião do instituto Publicus no fim de setembro, mostrando que muita gente achava a iniciativa desnecessária. O interesse na participação eleitoral terá sido isolado de satisfatórios impulsos como efeito oposto ao que Orbán almejava de campanhas publicitárias governistas desalinhadas ao autêntico contexto nacional do tema em debate e pelos desembolsos nas receitas estatais rumo a ditos meios midiáticos de convencimento e à organização da massiva pesquisa, valores desvirtuados, diz a oposição, de justificáveis desígnios, nos quais encaixariam-se guiar para caminhos de progresso famílias de 200 mil crianças que hoje só na escola saciam corretamente as necessidades alimentares e da adimplência hospitais endividados.

Mesmo não inerente ao pensamento da ampla maioria dos húngaros, o ponto de vista adotado majoritariamente nas cédulas eleitorais com votos válidos foi coletado para uso como peixe pela rede de Orbán e seus parceiros. No entanto essa isca foi interceptada pela oposição, que rompeu o tenebroso itnerário com destino ao povo, de quem embaraçaria o entendimento da realidade.

Propostas a fim de reescrever alguns ditames constitucionais, em votação no parlamento nacional no último dia 8, receberam empuxo rumo a uma sorte de máos dadas com a do que supostamente as inspirara. Tal e qual a fatídica maioria dos cidadãos comuns ao referendo, um grupo contrário às políticas vigentes reagiu, aproveitando facilidades a uma política mais honesta, a ideias suspeitas de combinar exorbitante força no controle imigratório com aparente timidez no controle das atividades dos estrangeiros já estabelecidos na Hungria.

Veio dos partidos MSZP, Jobbik e LMP, que recusaram engajamento na votação das ideias, e de três deputados independentes – Péter Kónya, Kész Zoltán e Gábor Fodor –, dos quais partiram sensatos votos de "não" a elas, a força que permitiu ao "sim" uma quota de votos por parte do Fidesz e do KDNP com dois a menos que os 133 (dois terços) necessários ao seguimento das emendas a terceiras etapas até sua possível aprovação. O pacote não foi aceito em virtude do aparentemente generalizado banimento do ingresso àquele país de novos estrangeiros, e outra explicação para o fato ter descambado nisso estaria na eficiência do trabalho do pessoal de Orbán na vigilância do patrimônio acumulado por forasteiros dentro daqueles limites geográficos nacionais.

Compreenderiam o estreito grupo imune ao suposto fechamento das fronteiras da Hungria estrangeiros já autorizados por seu governo a residir lá e pessoas vindas de outros países europeus. Nomeadamente na Europa, um grande bolsão de altos indicadores socioeconômicos, atravessa-se um período de um fluxo de informações para o qual as enormes distâncias entre inúmeros lugares do globo não constituem como antes um estorvo, já sendo possível encontrar espalhadas por quase toda terra sementes humanas de crenças políticas e culturais extremistas, despóticas, antidemocráticas, de qualquer procedência.

Muito menos hoje é preciso um europeu cruzar as fronteiras do continente para encontrar potenciais representantes do Estado Islâmico, até do qual haveria gente correlata ao terror alojada e movimentando capitais na Hungria (no que até habitantes nativos podem se enquadrar). Houve o manifesto a esse respeito por membros do partido Jobbik, com o emprego de banner atribuindo ao Fidesz a "traição" à patria contida na permissão (seja intencional, se as cabíveis restrições pudessem colocar em risco o pensável apoio à confraria de Orbán por certos sujeitos influentes, seja com origem em alguma subutilização de recursos servíveis no regramento da fluidez de divisas) ao fluxo desse dinheiro ambiguamente idôneo.

Ambas as hipotéticas circunstâncias indutoras do baixo sucesso no monitoramento das movimentações financeiras são próximas a atitudes assim para as quais o atestado fator causal é a corrupção, credível componente do uso por Antal Rogán, um ministro orbanista, de um helicóptero a que se refere um papel em cuja posse o MSZP também se manifestou descontente no momento da votacâo. Além dos motivos citados no quinto parägrafo, nâo é de se descartar que a frente governante, manipulando também dessa forma um povo em prol de ganhos dos quais este nem a cor verá, tenha fomentado colateralmente o enorme legalizado (ao contrário do voto compulsório brasileiro) boicote ao referendo. Não fosse o combinado da corrente oposicionista, lá se ia a oficial esperançosamente corromper outra vez o perfil prático da virtude necessária na lida com a massa delegando-lhe o acato a uma norma inspirada no pensamento de uma maioria que não abrange o tamanho real da população. Que ganhos os húngaros de forma geral seriam capazes de esperar da extrema restrição migratoria, privando-se mesmo de intercâmbios de conhecimentos com estudantes e investidores, por exemplo, vindos de terras distantes que, porém, baseiam sua ordem social em valores no mínimo próximos aos da Hungria?

Ao Fidesz fica, ante seus insucessos, a dívida de autoaperfeiçoamento de seus princípios perante a coletividade. Reformular o viés de sua lida com os apoiantes e da escolha de adicionais e colaborar com a oposição a fim de que em suas jornadas cheguem a entendimentos universais acima das variações ideológicas são os caminhos para transpor esta e as próximas conjunturas críticas, bastando primeiramente que as partes envolvidas queiram adotar as corretas posturas, em nome de seu caso com o povo, pelo qual se fazem dignas respostas alinhadas à qualidade do tratamento em contextos oportunos, como os eleitorais.

(Reprodução:
http://www.webartigos.com/artigos/planos-de-governo-desacreditados-e-barrados-por-sua-propria-culpa/147529/

Referências:
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http://www.bbc.com/news/uk-politics-38027230

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http://24.hu/kozelet/2016/11/16/vege-a-letelepedesi-kotvenynek-de-a-jobbiknak-nem-lesz-konnyu-dolga/

http://nepszava.hu/cikk/1111161-nem-szavaztak-meg-orban-viktor-alkotmanymodositasat

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http://www.dehir.hu/debrecen/papp-laszlo-a-nem-szavazat-debrecen-jovoje-miatt-is-fontos/2016/10/02/

http://magyarhirlap.hu/cikk/66418/Simicsko_Istvan_A_referendumon_leadott_szavazatukkal_az_allampolgarok_is_vedelmezhetik_a_hazat

http://www.independent.co.uk/news/uk/politics/brexit-regions-a-la-carte-deal-article-50-gordon-brown-uk-regions-nations-scotland-a7396081.html)

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