Medo e desorientação unidos contra um povo e quaisquer outros que lhe derem brecha

Por aqui ecoou de forma avassaladora uma prolongada paralisação de um setor ocupacional encarregado de assegurar a produtores, usuários e fornecedores individuais, jurídicos e públicos o acesso a matérias-primas, produtos finais e serviços em níveis importantes para os interesses de cada um. Por sua vez, transitando por um muito mais doloroso panorama político, econômico e social nutrido por recentes conflitos mal resolvidos e também um conmtexo pré-eleitoral, o Mali ainda mais cedo encontrará um divisor de águas entre a hodierna conjuntura e uma melhor com um novo presidente ou uma agravada pela reeleução do mandatário Ibrahim Boubacar Keïta ou o empossamento de uma figura estreante sem tantas habilidades para livrar a economia e a segurança de elementos desestabilizadores alvos de contestação popular em proporções capazes de se nivelarem ao acontecido no Brasil que também segue tendo o que aprender a fim de obter um completo despertar.

Um grandioso império de séculos atrás que compreendia mais do que o atual território homônimo não teve suas virtudes assimiladas pelas posteriores formas de ordenamento político e econômico que inevitavelmente englobam a fase contemporânea. A lenha que queima até hoje sobre a ordem nas relações entre o povo e os líderes burocráticos, econômicos e religiosos aos quais está subordinado é a mal abafada série de ecos de uma guerra civil desencadeada em 2012, envolvendo as forças militares do governo e movimentos rebeldes (uns de cunho islamita e outros almejando separatismos regionais) e prevista para acabar em 2015, quando as autoridades e os grupos paramilitares assinaram um acordo de paz em Argel, capital da Argélia. Três anos tendo se passado, sobrevivem significantes focos de confrontos e criminalidade dissociados uns dos outros, porém com efeitos aglutináveis entre si para se ver por meio deles a prontidão para outro levante sistêmico.

Uma vantagem disposta às guerrilhas que aceitavam cooperar com o poder oficial na expectativa de que o segundo se atenha às reivindicações em nome das quais apelaram para a violência é o interesse deste na ressocialização dos combatentes, iniciada com o registro de seus dados pessoais. Mas, face a cerca de 40 mortes de malianos e cidadãos do vizinho Burkina Faso em consequência da passagem do veículo que ocupavam por sobre uma mina terrestre em janeiro e similares atrocidades com indícios de planejamento associável a fins terroristas, o posicionamento empírico de Ibrahim Boubacar Keïta (também conhecido por suas iniciais) e seus subordinados defronte o problema aparenta estar gerando compatíveis frutos.

Terá sido acordada voluntariamente com os cidadãos a possibilidade de convívio entre os ex-terroristas, parentes de vítimas e aquelas que sobreviveram sem a submissão dos primeiros a restrições de direitos modeladoras de uma nova consciência deles sobre cidadania? Se sim, lamentavelmente seria igual a eficiência do trabalho estatal graças à vulnerabilidade dos infratores ao recebimento de uma regalia na administração dada pelo próprio presidente, a inclusão em listas anuais de criminosos aos quais é permitida a soltura. O funcionamento disso na paz pública da capital nacional, Bamako, é de se aplaudir! Só que não!

Em meio à população comum práticas violentas devem sua previsibilidade à ínfima disponibilidade de competência em outras instituições públicas às quais os malianos confiam suas necessidades fundamentais quanto à construção e gerenciamento de infraestruturas e a vigência de claras normas oferecedoras de dignidade e flexibilidade nas relações econômicas entre os empreendedores e empregados de todos os níveis sociais e eficientes serviços necessários a todos, independentemente do tipo de ofício ou o tamanho da renda adquirida com ele. Uma mobilização do povo da cidade de Kéniéba contra a rejeição da mão-de-obra local por uma companhia atuante na mineração de ouro que descambou no dia 11 para incêndios e depredações na prefeitura e em residências do prefeito e de um deputado e os desacertos dos habitantes da aldeia de Koursalé com seu chefe vulneráveis a igual ou pior desfecho disponibilizam com certeza aos mandatários nacionais, além dos regionais (o tipo mais diretamente atacado nos casos), um paradigma do valor de demonstrarem-se presentes para os comerciantes que no começo de maio entraram em greve contra a concorrência desleal e os entraves ao acesso a documentos facilitadores da compra de mercadorias na China e outros grupos unidos em torno de reivindicações trabalhistas e sociais a fim de motivar as categorias a se contentar com os meios humanos de luta.

IBK e sua maioria legislativa foram longe demais na jornada contra o caos boicotando uma comissão proposta pela oposição com vista a promover melhorias que apaguem ou atenuem máculas de processos eleitorais e tentando, no ano passado, colocar em pauta mudanças na Constituição sem consultar objetivamente a sociedade e na ausência de consentimento pelas próprias leis mestras em contexto de ameaça à integridade territorial. O predomínio de investimentos estrangeiros emprestados como fonte de receita encurrala essas autoridades numa dívida pública quase toda nivelada ao PIB nacional, uma sucuri que resolveu abraçar seus criadores! Sem um maior foco nos empregados e patrões autóctones de todos os tipos como destinatários de benfeitorias nas condições para a obtenção por eles de lucros para si suficientes a suas respectivas necessidades e de recursos tributários cabíveis aos deveres essenciais do Estado o expõe como infrutífero, entre outras áreas, na educação por não investir dos jeitos e modos certos na construção e funcionamento de escolas e nem nos subsídios para matrículas de estudantes em colégios particulares.

Daqui a mais de um mês, em 29 de julho, eleições reservarão aos malianos a chance de remodelarem a parcela eletiva de seus governantes segundo as expectativas por passos largos para fora do lodo. Mas a vontade cidadã irá até onde for permitido pela amplitude do acesso dos eleitores a documentação que os autorize a votar ante a precariedade de muitas estradas e pela consequente média de votantes satisfatoriamente aptos a escolher representantes para a coletividade conforme o alinhamento ao panorama prático das promessas dos candidatos tanto favoráveis a IBK quanto oposicionistas e o respeito por cada lado dos limites democráticos da mútua corrida pela simpatia popular.

Na África em geral o desenvolvimento de multidões conscientes quanto ao que não só podem, como devem, exigir da classe política e seus assistentes é a deficitária proximidade com as modernas tendências de comunicação massiva acerca da realidade local e nacional que habitam e o desenrolar dos fatos internacionais. Por aqui as empreitadas impopulares que envolvem grande parte da classe política e suas negativas repercussões sociais ainda não transformaram-nos em um Mali, embora haja excessiva inocência em negar que podemos chegar lá se, conforme o autor de um artigo na Gazeta do Povo, nos igualarmos antes à Colômbia na questão da independência judiciária para investigar e coibir o crime organizado com a proposta do deputado João Campos de tirar a autonomia do Ministério Público e reservar a autoridade policial só aos delegados. Outra ideia que delineia os mais funestos caminhos previstos para a segurança e a justiça penal é a CPI para deter a Lava Jato com base em afirmações por delatores de chantagem monetária, assinada por 190 deputados, incluindo a três dos oito representantes de Mato Grosso do Sul: os petistas Vander Loubet e Zeca do PT (investigados pela força-tarefa) e Fábio Trad, do PSD. A ideia segue apreciável apesar de requerimento subscrito depois por 78 deputados (insuficiente número no qual nem sequer há nossos ditos conterrânos), cabível sendo a seus desdobramentos a devida interferência nas escolhas populares para outubro.

Com a teórica desativação dos rastilhos de pólvora enormemente danosos a seu país, um povo distante de nós clama por um real encerramento deste horrível capítulo de sua história, tendo uma incerta oportunidade de canalizar os sentimentos para a determinação a que tem direito do perfil do corpo administrativo que o rege. Nossas melhores condições de intervir com nossa voz nas manobras políticas não deixam justificativas plausíveis para seguirmos fazendo corpo mole na luta cujo objetivo é reverter o avanço do Brasil a esse fundo de poço!

(Reprodução:
http://www.folhadedourados.com.br/colunistas/victor-teixeira/medo-e-desorientacao-unidos-contra-um-povo-e-outros-que-lhes-derem-brecha

Referências:
https://www.poder360.com.br/congresso/deputados-tentam-mas-nao-conseguem-barrar-cpi-das-delacoes/

https://www.oantagonista.com/brasil/os-78-deputados-que-tentaram-abortar-cpi-da-lava-jato/

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http://maliactu.net/mali-24-civils-maliens-et-burkinabe-tues-par-lexplosion-dune-mine-nouveau-bilan-dhabitant/

http://www.journaldumali.com/2017/08/30/lecons-de-lechec-de-revision-constitutionnelle-mali/)

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